
Uma sindicância foi aberta na prefeitura de Caxias do Sul nesta terça-feira (29) para investigar servidores do Departamento de Proteção Animal (DPA). O fato ocorre após uma denúncia da ONG Sem Raça Definida sobre o suposto abandono de um cachorro, da raça Pitbull, na região do bairro Desvio Rizzo, em fevereiro.
A denúncia-crime foi protocolada no Ministério Público (MP) pela vereadora e presidente da ONG, Andressa Mallmann (PDT). Segundo o documento, o caso ocorreu no dia 12 de fevereiro, envolvendo o cachorro, chamado agora de Pirata. O animal, de acordo com a ONG, teria sido abandonado por um casal, ainda não identificado, na região de Loreto, e amarrado em uma árvore com uma corda curta.
No dia 14 de fevereiro, o DPA, integrado à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, recebeu informações sobre o abandono do cachorro. Segundo a denúncia, a coordenadora do DPA enviou um veterinário e um motorista até o local para verificar o caso. Ainda conforme o documento da ONG, a servidora "ordenou que fossem até o local, recolhessem o animal e o soltassem em um local distante para que não retornasse".
De posse das informações, a ONG começou as buscas pelo cachorro, que foi localizado nas proximidades do Desvio Rizzo. De acordo com o atestado médico da clínica para onde o animal foi levado, ele apresentava "escoriações pelo corpo todo, laceração na parte da virilha e saco escrotal, coxins (almofadinhas das patas) descamados e queimados, sujidades em pele e pelo, pulgas e carrapatos pelo corpo, estado de estresse alto, taquipneia, taquicárdico, escore corporal 3 (magro)".
Pirata foi castrado e agora está passando por um adestramento para, depois, ser colocado para adoção. Na sexta-feira (25), a ONG decidiu fazer a denúncia-crime pedindo que os envolvidos no caso respondam pelo crime de maus-tratos.

O que diz a prefeitura
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Ronaldo Boniatti, o procedimento realizado com Pirata, de resgate e soltura, é o praticado pela pasta: os animais que não aparentam ferimentos visíveis não são recolhidos ao canil, que está superlotado.
— A servidora seguiu o protocolo da DPA. Nós temos inúmeras denúncias. Hoje estima-se em torno de 15 a 18 mil cães soltos pela cidade. Temos uma política: primeiro fazemos uma verificação com veterinário e o fiscal se o animal está em sofrimento. Se sim, ele é recolhido e ofertado o tratamento através do convênio com o Hospital Veterinário da UCS. Após, são levados para o canil municipal. Caso ele não tenha nenhum comprometimento, ele não é recolhido — explicou Boniatti.
No entanto, a servidora envolvida não está mais na pasta, pois foi transferida para a Secretaria de Agricultura. Conforme Boniatti, a mudança foi ocasionada por um pedido anterior da própria servidora e não estaria relacionado ao ocorrido.
— O DPA vem sofrendo algumas estruturações, como toda a secretaria. Nesse tempo, a servidora já tinha um pedido antigo de relotação — argumenta o secretário.
Boniatti destaca que, caso for comprovada a denúncia da ONG, a servidora responderá sobre o ato mesmo estando em outra pasta.