Perto do fim do primeiro mês de 2025, Caxias do Sul contabiliza três casos de pessoas com dengue — nenhuma com sintomas graves da doença, segundo a secretaria Municipal da Saúde (SMS). Neste período também foram identificados e eliminados pela prefeitura mais de 50 focos do mosquito Aedes aegypti.
O município fechou 2024 com 899 focos do vetor combatidos e 269 pessoas infectadas; uma morreu. De acordo com o diretor técnico da Vigilância Ambiental em Saúde da SMS, Rogério Poletto, o alerta para a dengue é contínuo e abrange todas as localidades da cidade, uma vez que Caxias possui, desde 2012, diagnóstico de infestação — isto é, quando o mosquito já se adaptou ao terreno, residências e condições climáticas, tornando-se uma espécie de 'habitante' do município.
— Estamos com um cenário muito parecido com o do ano passado, que foi bastante complicado, porque teve bastante focos e casos de doença. Então é um cenário que sempre fica o alerta ligado. Temos que nos preocupar e a população tem que fazer a sua parte também — pede Poletto.
O diretor técnico da Vigilância Ambiental em Saúde aponta que 75% dos focos do Aedes estão concentrados em espaços de casas e apartamentos. Para atenuar os riscos e conscientizar, equipes da pasta realizam visitas em toda a cidade. No ano passado, foram 163,2 mil, quase 30 mil a mais que em 2023 — em razão de um reforço que o quadro de colaboradores recebeu.
O órgão também monitora pontos, considerados estratégicos, em que mais facilmente há materiais que acumulam água e, portanto, ganham atenção do mosquito de aspecto zebrado para depósito de ovos. Entre eles, estão borracharias, cemitérios, floriculturas, depósitos de material de construção, ferros velhos, depósitos de veículos e veículos acidentados, por exemplo.
Em nível de Estado, até esta segunda-feira (27), havia 117 casos de dengue confirmados. É um alívio pelo menos na comparação com as primeiras quatro semanas do ano passado, quando o cenário era de 1.595 infectados. O ano se encerrou com mais de 200 mil acometidos pela doença, sendo que 281 deles morreram. Os dados são do Painel da Dengue da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Mais de 200 armadilhas espalhadas para controle de focos
Uma das ações preventivas da Vigilância Ambiental em Saúde de Caxias para controle e eliminação de criadouros se dá por meio de armadilhas chamadas ovitrampas, pequenos recipientes, semelhantes a um vaso de flor, onde são colocados água, um extrato de alimento e uma palheta de madeira com o propósito de diagnosticar o risco daquela região para proliferação a partir da presença do vetor da dengue.
Com o dispositivo instalado, os agentes retornam para verificação cerca de uma semana depois, retiram a palheta e examinam o item em microscópio para saber se contêm ovos do Aedes aegypti.
— As que têm ovos, são positivas, as que não tem, são negativas. Fazemos esse monitoramento nessas armadilhas uma vez por mês — complementa Poletto.
Quando é o caso de sinal verde para criadouro do Aedes na ovitrampa, significa que o mosquito circula naquela área. A resposta dos agentes para isso é visitar endereços para alertar os moradores.
O município conta com 206 ovitrampas espalhadas pelos bairros. O trabalho pode ser considerado recente, foi implementado no município na metade do ano passado. Até o fim de dezembro, 974 inspeções foram feitas nas armadilhas.
Além disso, a Vigilância Ambiental em Saúde conclui em janeiro a aplicação de inseticida com efeito residual longo contra o vetor da dengue em cerca de 300 prédios públicos, como escolas, UBSs, prefeitura e Câmara de Vereadores. Para 2025, também está prevista a prática de ao menos quatro edições do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que seleciona quarteirões da cidade, por sorteio, para atuação.
Novo método no RS
Chegará ao Rio Grande do Sul uma nova tecnologia para o controle da dengue, o método Wolbachia. As informações foram divulgadas pela Secretaria Estadual da Saúde.
Anunciada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, na quinta-feira (23), em visita ao RS, a novidade consiste na introdução da bactéria Wolbachia — encontrada em insetos — no mosquito Aedes aegypti, reduzindo sua capacidade de transmitir o vírus da dengue.
Os mosquitos infectados são liberados, na sequência, para reprodução, com o intuito de formar uma nova "população" de Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia.
As primeiras cidades a receberem o método no Estado serão Gravataí, Novo Hamburgo, Canoas e Pelotas.
Dicas para prevenção
- Limpar com escovação semanal o recipiente de água dos animais domésticos;
- Recolher o lixo do pátio;
- Colocar o lixo ensacado para ser recolhido pela Codeca;
- Recolher pneus inservíveis e armazená-los em locais secos e protegidos da chuva, ou encaminhá-los à Codeca;
- Tampar caixas d’água;
- Colocar telas milimétricas em caixas d’águas descobertas, reservatórios de captação de água da chuva e nos ralos;
- Limpar as calhas;
- Semanalmente, lavar e escovar piscinas plásticas, trocando a água;
- Eliminar os pratinhos das plantas.