Cabos de aço sustentavam a ponte pênsil de plataforma de madeira, em Santa Tereza, na Serra, desde 1917. A estrutura centenária com 50 metros de extensão não resistiu à segunda enchente que atingiu o município, entre sexta-feira (17) e sábado (18), e foi levada pela força da água. Neste domingo (19), moradores encontraram em pedaços uma parte das próprias histórias e, também, da história da cidade.
Olhando para a plataforma de madeira caída do outro lado do Arroio Barramansa, o morador Fiora Vantt, 77 anos, recordava do tempo em que passava a cavalo pela ponte.
—Nós passávamos pela ponte e parávamos no moinho. Ela é bem antiga aqui na cidade, do tempo que meus pais ainda estavam vivos. É uma tristeza ver que ela não existe mais — lamenta o morador.
Ao pé da estrutura, os restos do Moinho Valduga continuam sendo levados, aos poucos, pela correnteza do arroio. Conforme informações do site da prefeitura, a ponte e o moinho tinham ligação direta na época em que o Brasil ainda era Império, e facilitava o acesso das pessoas às atividades do moinho.
Por volta de 1920, o local era responsável pela produção de farinha de trigo e farinha de milho e por descascar o arroz produzido na região. O moinho, antes de se tornar parte da história do município, foi um grande contribuinte da economia local, sendo considerado um celeiro de produção de trigo.
Contabilizando estragos
Conforme a prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, o município ainda está em processo de contabilizar os estragos. Desta vez, não houve vítimas como na enchente de setembro, quando duas pessoas morreram na cidade. Para que as famílias tenham suporte, o pavilhão da igreja está aberto, oferecendo refeições aos moradores prejudicados pelas cheias.
A previsão para o retorno da energia elétrica, que está em falta desde sexta-feira (17), era para a domingo a tarde, quando caminhões da RGE poderão acessar a cidade. Quem tenta chegar em Santa Tereza deve encontrar, além de máquinas e moradores trabalhando, pedras caídas, deslizamentos em diferentes pontos e pequenas nascentes de água, que se formaram nos morros e caem diretamente nas estradas. Por isso, os motoristas devem ter paciência e atenção no trajeto.