Há três anos, no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava a pandemia de coronavírus no mundo. Para além de um novo termo inserido no cotidiano de todos nós, a doença alterou hábitos, fechou negócios, distanciou pessoas, matou quase 700 mil brasileiros e deixou sequelas na saúde e na alma de outros milhares.
O 11 de março de 2020 também marca a confirmação do primeiro caso de coronavírus em Caxias do Sul. Um homem de 42 anos, que havia viajado para Milão (Itália), abria oficialmente a contagem local de casos. Não foi um começo avassalador, mas a prevenção fechou comércio, escolas e indústria nos dias subsequentes em diversas cidades. Máscara, álcool gel, mãos limpas com água e sabão e distanciamento eram orientadas como regras salvadoras, mas nem sempre atendidas por parte da população que, inclusive, se aglomerava na rua ou em festas clandestinas.
Pouco mais de um mês depois, em 15 de abril, o novo vírus deixava a primeira família enlutada na Serra: Etelvino Mezzomo, 64 anos, foi a primeira vítima fatal da covid-19 na região e a 19ª do Rio Grande do Sul. Até o fim de 2020, a doença silenciou a voz de outras 886 pessoas na Serra, sendo 391 delas somente em Caxias do Sul.
A crise sanitária mundial também promoveu uma reviravolta na rotina dos profissionais de saúde, que inúmeras vezes foram homenageados e aplaudidos pela população. Hospitais ganharam novos leitos clínicos e de UTI para atender a demanda crescente — alguns, inclusive, permanecem até hoje, como é o caso de Caxias do Sul, que preservou 34 vagas clínicas e de UTI nos hospitais Geral e Virvi Ramos.
O ano seguinte, 2021, trouxe esperança e um sopro de alívio após meses nebulosos: a vacina contra a temida doença estava próxima de chegar ao Brasil. Foi na tarde de 19 de janeiro, na UPA Central, que finalmente a imunização foi aplicada no braço de um caxiense. Médico e servidor público há 30 anos, Gilmar Padilha Flores foi a primeira pessoa a receber a vacina contra a covid-19 no município.
2021: o ano de altos e baixos
Embora 2021 tenha iniciado de forma positiva e com esperança, o decorrer dos meses apresentou cenários angustiantes. O Carnaval fez a variante Gama se disseminar no Sul e os casos da doença dispararam em fevereiro. O Estado entrou em bandeira preta, a pior das restrições na época. Como medida adotada, uma espécie de toque de recolher foi imposta e nenhum estabelecimento comercial poderia funcionar depois das 20h, exceto as farmácias.
Em março, a mortalidade foi excessiva. Foi um mês de caos. Caxias do Sul, por exemplo, chegou a ter 4.672 pacientes positivos para a covid-19 simultaneamente. Três meses depois, em junho, o maior município da Serra atingiu a marca de mil vidas perdidas pela doença.
Foi somente em novembro, quando a pandemia era considerada como controlada, que o Estado flexibilizou ainda mais as regras e favoreceu as cidades em que a imunização estava bem adiantada. O ano se ano encerrou com casos da variante Ômicron em ascensão.
2022: o arrefecimento da pandemia
Em março de 2022, com o arrefecimento da pandemia de covid-19 e o avanço da vacinação, os municípios da região começaram a relaxar as medidas de proteção contra a doença. No dia 11, Caxias do Sul decretou a não obrigatoriedade da máscara em ambientes abertos. Dez dias depois, também para quem circula em ambientes fechados. Antes disso, outras cidades haviam optado por abrir mão da proteção.
Os números de internações hospitalares e mortes caíram em 2022. Conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Caxias do Sul, foram contabilizados 211 óbitos no ano passado, o que representa uma queda de 80% em relação a 2021, quando 1.078 pessoas morreram pela infecção no maior município da Serra.
E 2023?
Os três anos de pandemia completam-se com o número de 1.701 mortes em decorrência do coronavírus em Caxias do Sul, conforme o painel online da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Em relação à vacinação, os dados mais recentes municipais indicam que 431.186 pessoas foram vacinadas com ao menos uma dose, o que representa 83,33% da população estimada. Já o esquema vacinal completo (três doses) alcançou apenas 45,15% dos moradores de Caxias.
Uma das novidades de 2023 é a vacina bivalente. Capaz de imunizar contra mais de uma versão do vírus de uma só vez, a dose está alcançando novos públicos paulatinamente em Caxias. A partir de segunda-feira (13), a imunização estará disponível para pessoas com 65 anos ou mais na cidade. Também poderão se vacinar pessoas com 12 anos ou mais imunocomprometidas, mediante apresentação de atestado médico. A imunização ocorre em 19 unidades básicas de saúde (UBSs) do município.