Na 11ª rodada da classificação no Modelo de Distanciamento Controlado, a Macrorregião da Serra, que inclui Caxias do Sul, deverá permanecer em bandeira vermelha. O anúncio do mapa preliminar ocorreu na tarde de sexta-feira (17). No caso de entenderem divergências ao resultado, as prefeituras devem apresentar parecer, justificando uma nova classificação, até domingo pela manhã (19).
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Das 20 regiões, apenas duas foram classificadas com bandeira laranja (risco médio). Significa que 90% do Estado apresenta alto risco para disseminação de coronavírus e ocupação de leitos. As bandeiras definitivas serão divulgadas na segunda-feira (20). Se for mantida a bandeira vermelha, a partir de terça-feira (21), as medidas restritivas devem seguir por mais sete dias.
Relatório do governo do Estado
Caxias do Sul é o epicentro do coronavírus na macrorregião da Serra, que mais uma vez foi classificada com risco alto, em bandeira vermelha. Apesar do aumento do número de leitos na região, de 235 em 1º de julho, para 258 no dia 16, o percentual de ocupação também aumentou de 65% para 72,5% no mesmo período. Ou seja, a iniciativa de abertura de leitos não tem sido mais eficaz porque têm aumentado o número de positivados para o coronavírus que precisam de internação.
Caxias figura na lista das cidades que pioraram os seus índices, em comparação à décima rodada. O relatório, em um dos trechos, revela a velocidade do número de internações na cidade. Diz a nota: "O indicador de hospitalizações confirmadas para Covid-19 registradas nos últimos 7 dias permaneceu praticamente estável, passando de 82 na semana anterior para 81 na atual. Porém, mesmo que o avanço da doença tenha reduzido na velocidade, os valores permanecem crescentes, com o número de internados por SRAG em UTI (de 90 para 106), o número de internados em leitos clínicos Covid-19 (de 67 para 108) e de internados em leitos de UTI Covid- 19 (de 69 para 76)".
O relatório explica ainda, que em dois dos índices, "Hospitalizações confirmadas para Covid-19 em relação à população" e "Projeção de óbitos em relação à população" mantiveram situação de maior risco, ou seja, de bandeira preta em ambos. Ao que parece, além da classificação de Caxias do Sul como bandeira vermelha, na segunda semana consecutiva, o risco de bandeira preta, está ainda mais próximo.
Prefeitos da região contestam classificação
A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), vai ingressar com recurso para que o governo reconsidere a classificação. Em nota, assinada pelo presidente da entidade, José Carlos Breda, prefeito de Cotiporã, ele escreve: "na nossa avaliação, a Serra pelo grande esforço que vem empreendendo no aumento da capacidade de atendimento, quer em leitos clínicos, quer em leitos de UTI, possui todas as condições de permanecer na bandeira laranja".
O documento se encerra com uma crítica ao Modelo de Distanciamento Controlado, que segundo o texto, "no nascedouro mostrou-se uma ferramenta eficaz de controle, atualmente não mais mostra a mesma eficácia, distanciando-se da efetiva e real situação fática da região".
Prefeito Cassina tenta reverter bandeira vermelha
Em nota enviada à imprensa na tarde de sexta-feira (17), logo após o anúncio pela manutenção de Caxias do Sul como bandeira vermelha, o prefeito Flávio Cassina disse que o primeiro passo é sensibilizar o governo do Estado para que reconsidere a classificação.
Cassina informa que o município vai recorrer novamente, via Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), com dados do Observatório Regional. Paralelamente a isso, Caxias do Sul trabalha em conjunto com demais municípios e entidades para que o Governo do Estado reveja alguns itens do protocolo.
"Há um movimento de prefeitos, deputados, empreendedores, empresários, Ministério Público, entidades de classe de trabalhadores e empregadores visando modificar dispositivos do protocolo do Estado. Este trabalho será concluído nos próximos dias e esperamos conseguir avançar, porque a situação está ficando totalmente insustentável", avalia Cassina.
"O comércio não tem mais condições de se manter com as portas fechadas", diz presidente do Sindilojas
Caso Caxias do Sul permaneça sob as restrições da bandeira vermelha, o comércio varejista não essencial só terá permissão drive thru, take away e a telentrega, com 25% dos trabalhadores, como modalidade exclusiva de atendimento para comércio de rua, shoppings e centros comerciais.
—A nossa esperança é de que o poder público municipal, juntamente com a Amesne, possa reverter essa bandeira para a laranja. O comércio não tem mais condições de se manter com as portas fechadas. Precisamos de alternativas para atender os clientes, independentemente da bandeira — defende Idalice Manchini, presidente do Sindilojas Caxias.
Idalice esteve presente em reunião com dirigentes sindicais, presidentes de associações, deputados estaduais e prefeitos para buscar alternativas para que a economia possa ser menos comprometida pela pandemia. O encontro teve como resultado a elaboração de uma carta enviada ao governador, solicitando uma revisão dos protocolos do modelo de Distanciamento Controlado, permitindo a atuação dos prefeitos na aplicação das bandeiras.
"O setor está revoltado", diz presidente do CDL Caxias
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul, Renato S. Corso, reclama da proibição de atuação do comércio de itens classificados como não prescindíveis, em especial de micro e pequeno porte, que dependem da venda diária para sobreviver. Corso aponta sua crítica aos hipermercados, que muitas vezes comercializam os mesmos itens dos seus associados, que têm atuação restringida pelo decreto regido pelo governo do Estado.
— Vemos que as lojas estão seguindo todos os cuidados, usando álcool gel, máscara, mantendo o distanciamento, algumas também estão disponibilizando tapetes com água sanitária para limpar o calçado antes de entrar, sem falar que elas não causam aglomerações na entrada e nem no interior do local. E, mesmo assim, estes empreendimentos não podem receber o consumidor. Enquanto que grandes redes, como hipermercados, podem comercializar o mesmo produto que o comércio pequeno vende e o decreto não proíbe este tipo de operação nestes locais. O comércio de micro e pequeno porte é quem está pagando a conta. Além disso, enquanto algumas atividades estão sendo retomadas, estabelecimentos que atendem poucas pessoas por dia, por exemplo, não podem receber consumidores. Perdeu-se a lógica do distanciamento — contextualiza, com indignação, o dirigente.
Corso destaca que a economia está em ritmo bastante lento, já que os consumidores ainda não estão familiarizados com as formas alternativas de comercialização, como a venda online, telentrega e pegue-leve.
— O cliente não está indo às lojas, pois acha que estão fechadas, sem possibilidade de atendimento — finaliza.
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