Somente em janeiro de 2025, o 5° Batalhão de Bombeiro Militar (5º BBM) de Caxias do Sul atendeu a 120 ocorrências de capturas e manejo de enxames de insetos como abelhas, vespas e marimbondos no município. Segundo a corporação, o número é 380% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, tendo em vista que, em janeiro de 2024, foram 25 ocorrências atendidas. Apesar da alta demanda, não houve registros de ataques a pessoas.
— Em época de verão, devido ao calor intenso, as abelhas acabam fazendo a sua migração para formar novas colmeias. Ao passarem pelo perímetro urbano, esses insetos acabam causando pânico na população, principalmente as pessoas alérgicas ou quem tem crianças e animais em casa — sintetiza o capitão Patrick Dipp da Silva, do Corpo de Bombeiros.
Os enxames de abelhas temporárias, geralmente, não são agressivos. Entretanto, ao se sentirem ameaçadas ou incomodadas com o barulho ou perfumes fortes, as abelhas podem apresentar comportamento defensivo e atacar em grupo.
Na maioria das ocorrências, Silva relata que as pessoas avistam os enxames em determinados locais da área urbana e acionam os bombeiros solicitando orientações de como proceder. Em muitos casos, como se trata de enxames de abelhas migratórias (em deslocamento), a corporação vai até o local, com os profissionais preparados com roupas especiais, e isola o perímetro onde os insetos estão, pois eles seguirão viagem em até 48 horas para se fixarem em ambiente favorável.
Conforme o capitão Silva, o pico de atendimentos foi registrado no dia 27: foram 10 chamados ao Corpo de Bombeiros relatando enxames de abelhas, vespas ou marimbondos. Neste dia, a temperatura máxima em Caxias do Sul foi de 29ºC.
— Foi uma tarde bastante quente, então os animais acabam ficando mais estressados, porque o calor e o barulho fazem com que eles se sintam mais irritados — diz Silva.
Ainda de acordo com o capitão, geralmente o isolamento do local resolve a situação. No entanto, se o enxame estiver formando a colmeia em um determinado local, os bombeiros acionam algum apicultor já cadastrado junto ao órgão para que possa fazer a remoção da colmeia com segurança.
Quando ocorre um ataque de abelhas, a recomendação, segundo o capitão, é para que as pessoas se afastem, mantendo a calma. Não é indicado tentar se defender jogando água, inseticida ou pedra no enxame, pois os insetos se sentirão ameaçados.
— Indicamos que as pessoas cubram áreas sensíveis do corpo com algum tipo de tecido ou com a própria roupa, como pescoço, rosto e cabeça, e que se afastem do local o mais breve possível. E, na medida do possível, entre em contato com os bombeiros através do 193, para que a gente vá até o local e faça o procedimento padrão indicado — recomenda Silva.
Variações do clima impactaram na presença de enxames
O aumento na presença de enxames tem explicações naturais, mas que geralmente começaria em setembro. Segundo o presidente da Associação Caxiense de Apicultores (Ascap), David Vicenço, a procriação das abelhas se dá a partir da primavera, no entanto, devido às adversidades do clima no ano passado, toda a cadeia produtiva do mel acabou prejudicada. Vicenço sintetiza que, para a abelha produzir, ela precisa de calor, porém, na primavera ocorreram períodos de chuva e vento.
— As flores produzem o pólen (alimento para as abelhas), mas quando vem o vento frio, elas encolhem e não produzem o néctar (substância doce para a produção de mel). Com esse fenômeno, atrasou todo o ciclo da produção de mel, e nos meses seguintes não houve enxameação — relata Vicenço.
A enxameação na qual o presidente da entidade se refere é quando uma parte da colmeia sai em busca de um novo lar, e ocorre com mais frequência nos meses quentes, levando ao surgimento de colônias em telhados, árvores e outras estruturas urbanas.
O calor intenso também pode fazer com que colmeias fiquem superlotadas, obrigando grupos de abelhas a se dispersarem e se realocarem. Como resultado, há um aumento nos chamados aos bombeiros para a remoção desses enxames, especialmente em áreas residenciais.
É importante ressaltar que há diferenças entre os insetos. As abelhas possuem corpo mais robusto e peludo, e só atacam se se sentirem ameaçadas. Também existem as abelhas sem ferrão. As vespas já têm o corpo mais esguio e liso, sem pelos. São mais agressivas que as abelhas e podem picar várias vezes. Algumas espécies ajudam no controle de pragas. Já os marimbondos têm cor mais escura e corpo comprido. Eles constroem ninhos de barro em árvores e telhados.
O que fazer em caso de picada?
Embora as abelhas não sejam agressivas e só ataquem se se sentirem ameaçadas, picadas podem acontecer. Conforme a Secretaria da Saúde de Caxias do Sul, o acidente por picada de abelha leva a uma ampla variedade de manifestações de acordo com o tipo de acidente, o número de picadas e a sensibilidade das pessoas. Normalmente, em sua maioria há poucas ou somente uma picada, causando uma reação inflamatória local, provocando dor ou inchaço.
Em alguns casos mais graves e raros ocorre uma reação alérgica, em que o paciente pode sentir tonturas, vômitos, desmaios e até inchaço de laringe que pode provocar sufocamento do paciente caso não tiver nenhuma assistência médica. A pasta da Saúde recomenda algumas orientações para minimizar os efeitos:
- Em reações locais, higienizar adequadamente o local da picada com água e sabão. Normalmente em picadas de vespas ou marimbondos o ferrão normalmente não fica preso, então a própria limpeza já é o suficiente para retirá-lo.
- Compressa fria também pode aliviar os sintomas. Caso não haja melhora dos sintomas ou se houver surgimento súbito de sintomas diversos logo após a picada, é recomendável procurar atendimento médico imediato, principalmente em pacientes com histórico de alergias graves.
- Somente com avaliação clínica é que se consegue ter acesso à medicação adequada e orientação direcionada para cada tipo de picada.
- Em caso de acidentes em locais remotos ou que o atendimento médico não é possível de imediato, uma alternativa é ligar para Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul, o CIT, pelo número 0800.721.3000, que pode orientar o paciente em relação à prevenção e primeiros socorros até o atendimento de um profissional de saúde.