A equipe da Casa de Repouso Elisa Tramontina, em Carlos Barbosa, comemora os bons resultados de uma iniciativa implantada desde o fim do ano passado. Trata-se da pet terapia, projeto que leva quinzenalmente dois cães adestrados para o convívio com os idosos e promove benefícios bastante pontuais, que vão desde o comportamento mais afetivo e disposto, até evoluções em patologias mais graves. De acordo com a equipe do Tacchini Sistema de Saúde, grupo que coordena a casa, esta é uma iniciativa inédita na Serra.
Jack e Ronda, cães da raça Labrador, viraram protagonistas do ambiente. A ansiedade dos idosos em receber a dupla começa dias antes, de acordo com a enfermeira líder da casa, Elisangela Corsi. As atividades acontecem nas duas modalidades: em áreas externas e internas. Para pacientes acamados, inclusive, Jack e Ronda tem atuação especial:
— Eles entram no quarto e sobem na cama, são carinhosos com os pacientes. Ninguém fica de fora do projeto. Mesmo os que não conseguem se comunicar, a gente percebe que os olhos brilham diferente.
Jack tem sete anos e Ronda, três. Os animais passam por consultas semanais com veterinários, além de estarem acompanhados por equipe capacitada do Centro de Adestramento Canino Vale da Neblina, de Farroupilha. A adestradora Janaína Ganzer explica que todas as atividades são elaboradas de acordo com a necessidade dos 45 residentes da casa.
— Todas as sessões são planejadas com a equipe de fisioterapia, psicologia e com a professora de música. Por exemplo: trabalhamos a alimentação saudável de forma que eles mesmo possam descascar e amassar as frutas. O cão entra como elemento motivacional, acompanhando eles, porque surge uma vontade de desenvolver a atividade muito maior — explica Janaína.
Além disso, atividades que antes eram feitas pelos idosos só após muito convencimento da equipe, agora, surgem de forma mais espontânea:
— Eles não gostam de sair para caminhar, mas vão com os cães. Trabalhamos a parte da motricidade, também a parte emocional. Este dias, enquanto duas idosas com Alzheimer acariciavam a Ronda, elas lembravam de como era quando tinham cachorro, resgataram memórias boas — exemplifica.
Alice Postal, 69 anos, concorda que é uma das visitas mais aguardadas pela turma da casa de repouso.
— Eu gosto porque eu tinha uma cachorrinha e lembro dela. Eles trazem alegria pra gente, eu nem queria que fossem embora — conta.
Sensação semelhante da moradora Gema Tomasi, de 72 anos:
— Eu gosto bastante e brinco toda vez que eles vêm aqui.