
O cadastramento de dependentes químicos que moram em casas abandonadas e em terrenos baldios será periódico em Caxias do Sul.
Em abril, a prefeitura e a Brigada Militar iniciaram um levantamento para conhecer o número de pessoas que consomem crack nesses espaços.
O trabalho, uma resposta à ira da população que havia destruído dois desses pontos, durou um mês. A equipe que percorreu 23 lugares de consumo de drogas foi integrada por uma assistente social da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, dois guardas municipais, dois policiais militares, um cinegrafista da secretaria e voluntários da Defesa Civil.
O cadastramento será retomado, conforme o diretor-geral da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Barden da Rosa. Neste mês, a secretaria vai estabelecer como se dará a atualização dos dados.
De acordo com o diretor-geral, serão levantados ainda novos pontos de consumo de droga.
Um guia para orientar policiais e guardas municipais quanto às possibilidades de encaminhamento dos dependentes vai ser elaborado. Será uma espécie de protocolo a ser seguido. Além disso, os agentes da segurança seriam capacitados a motivar a população de rua a procurar auxílio.
- Já estamos fazendo um guia, uma cartilha que informe quais são os recursos que Caxias dispõe para tratar os dependentes, com endereço, horário de atendimento, nomes dos gestores. Para que sempre que se depararem com uma situação assim, tenham em mãos informações - explicou Barden.
No primeiro levantamento, foram localizadas 68 pessoas vivendo nas áreas, a maioria viciada em crack.
A faixa etária predominante dos moradores é dos 20 a 30 anos: 57%. O trabalho derrubou um mito: o de que essas pessoas todas vieram de outras cidades. São naturais de Caxias 47% dos cadastrados. Outros 23% são forasteiros, mas moram na cidade há mais de 10 anos.
-_ Grande parte é natural de Caxias. Não é só gente de fora. O problema é nosso mesmo - diz a assistente social da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, Juliana Marcon, que entrevistou os dependentes.
CONFIRA OS RESULTADOS DO LEVANTAMENTO
SEXO
49 homens
19 mulheres
FAIXA ETÁRIA
nenhum menor de 18
1 pessoa até 20 anos
18 pessoas de 20 a 25
21 pessoas de 25 a 30
8 pessoas de 30 a 35
9 pessoas de 35 a 40
11 pessoas com mais de 40
ORIGEM
13 vieram de 5 estados brasileiros
23 de 18 cidades gaúchas
32 são naturais de Caxias do Sul
INSTRUÇÃO
1 analfabeto
41 com ensino fundamental incompleto
8 com ensino fundamental completo
4 com ensino médio incompleto
5 com ensino médio incompleto
4 com nível superior incompleto
5 não informaram
DEPENDÊNCIA
35 somente de crack
24 dependência cruzada (mais de uma droga)
5 somente álcool
2 somente maconha
1 somente cigarro
1 negou uso de drogas
AJUDA QUE JÁ TIVERAM
29 nunca fizeram tratamento
14 já tinham passado pelo Albergue Municipal
19 pelo Centro de Referência Especializado para População de Rua (Creas Pop Rua)
17 por comunidade terapêutica
29 pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps)
13 por desintoxicação hospitalar
1 UBS