Que loucura você já fez pelo futebol? Os torcedores do Caxias, logicamente, terão inúmeras histórias de viagens pelo Brasil para acompanhar o seu time do coração. Mas, na final da Taça Ewaldo Poeta deste sábado, quando o time grená encarar o Grêmio, a partir das 16h30min, no Estádio Centenário, estará em campo um cara que já vendeu rifa para realizar o sonho de tornar-se um jogador de futebol. Ivan vive um momento especial e quer concretizar a ótima fase com um título.
Aos 27 anos, o lateral-direito viu no Caxias uma chance de recuperar os bons momentos da carreira. Amanhã, no Centenário vai em busca com seu companheiros da conquista do primeiro turno do Gauchão. Nestes momentos, aquele filme da rifa, lá em Jaú, interior paulista, poderá passar na cabeça do jogador e ser mais uma motivação para colocar nos 90 minutos de jogo.
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— Quando era menino, eu e meu irmão fomos fazer peneira no Palmeiras e passamos. Só que a gente tinha poucos recursos naquela época, então saímos para vender uma rifa na cidade e conseguimos o dinheiro — recordou o camisa 2 grená, em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Gaúcha Serra.
Mas não seria na Academia do Futebol que o sonho de se profissionalizar se tornaria realidade. O futebol só ganharia espaço a dez quilômetros dali, no Estádio do Canindé. Foi na tradicional Portuguesa que o menino de 18 anos chamou a atenção do técnico Jorginho e do seu auxiliar Anderson Lima para subir à equipe principal.
— O Ivan era um menino que estava na Portuguesa há alguns anos, tinha ele e um garoto chamado Alexandre. O Alê era um pouco mais ofensivo, só que o Ivan conseguia marcar melhor e apoiar da mesma forma. Veio a oportunidade para ele um pouco mais rápido e o Ivan teve a felicidade de ir embora — recorda Jorginho, atualmente comandante do Juventus de Jaraguá (SC).
A carreira deslanchou de cara. Naquele 2011, a Lusa foi campeã da Série B. Ivan ficou no Canindé até 2013, onde seguiu para o Coritiba e teve a sorte de conhecer um dos principais craques do futebol brasileiro, o meia Alex, que se mostra empolgado com o início de temporada do lateral.
— Acompanhando no Caxias, ele tem tido um bom início de Estadual, o que me deixa bastante feliz. É um especialista numa coisa que está faltando no futebol brasileiro, que é essa cobrança de bola parada — ressalta Alex, comentarista dos canais ESPN.
AS LESÕES
Só que a carreira não seguiu os passos que Ivan e Alex traçavam nos treinos de cobranças de falta e escanteio. O lateral-direito enfrentou lesões e foi perdendo espaço. Em 2017, quando ele parecia embalar uma sequência importante de jogos, uma lesão o afastou de momentos importantes pelo Água Santa. Jorginho novamente era o seu treinador e lembra bem do problema muscular que tirou o jogador de uma decisão de mata-mata com o Bragantino, pela Série A-2 do Paulista.
— Ele estava num momento muito bom, mas machucou e ficou fora. Perdemos porque ele batia faltas e pênaltis, mas na hora de decidir não estava lá para bater — recorda o treinador.
ASSISTA A ENTREVISTA DE IVAN NO SHOW DOS ESPORTES
Os problemas musculares acompanharam o lateral até o ano seguinte. Ivan pouco jogou no Ituano e no Fortaleza. Só voltou a ter sequência no ABC, quando foi eleito o melhor lateral-direito do Campeonato Potiguar de 2019. Só que os resultados em campo não vieram no mesmo passo. Vice-campeão estadual, o time acabou rebaixado à Série D no segundo semestre.
Só que existe uma velha máxima no futebol em que a má-fase não dura para sempre. Em 2020, Ivan veio disposto a mostrar mais. Dos seis gols marcados pelo Caxias no Gauchão, ele participou de cinco _ fez dois e deu três assistências.
— Sempre tive essa vontade de evoluir, e na pré-temporada eu decidi: "vou ser diferente". Comecei a treinar mais as faltas e a gente colhe os frutos. Eu preciso retomar minha carreira e espero cumprir meu contrato conquistando os objetivos do clube — ressaltou Ivan, na Gaúcha Serra.