No primeiro mês do ano, os moradores de Caxias já desembolsaram R$ 52,9 milhões em impostos – R$ 2,6 milhões a mais que o mesmo período do ano passado (aumento de 5%). Os valores foram registrados pelo site “Impostômetro”, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e vão direto para os cofres públicos. Com esse valor seria possível comprar mais de 350 apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida (avaliação individual de R$ 150 mil)
O ano de 2019 fechou com R$ 488,5 milhões – R$ 51 milhões a mais que o ano anterior. Boa parte desta carga se refere ao pagamento antecipado (com descontos) do IPTU e do IPVA.
Se comparado com valor pago há 10 anos (2009), em Caxias, o salto é de 168% – R$ 306 milhões. No mesmo período, a inflação no país subiu 84,5 % e o salário mínimo 123%. É um indício de quanto a renda da população foi corroída.
Segundo a Receita Federal, a carga tributária passa de 35% do Produto Interno Bruto (PIB). É imposto que não acaba mais: ICMS, ISSQN, PIS, Cofins, IR, CSLL, INSS, FGTS, etc. São pelo menos 10 no total nas esferas nacional, estadual e municipal. Poucas pessoas conseguem diferenciá-los e entendê-los.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indica que, os brasileiros trabalham, em média, 150 dias – cinco meses – por ano somente para pagar impostos. Essa carga é 56% maior do que a média dos países da América Latina, como Colômbia, Uruguai, Peru e Chile.
Para simplificar, a cada R$ 1 produzido, o governo fica com R$ 0,33 para investir em áreas como educação, saúde, habitação, segurança pública, saneamento, infraestrutura, geração de empregos, inclusão social, entre outras. Essa é principal reclamação de empresários, funcionários e consumidores. O retorno dos impostos não aparece.
— O governo precisa reduzir as despesas e definir um imposto único. Não dá mais para suportar aumentos — manifesta-se o diretor financeiro da CDL, Rui Alberto Cassina.
"É uma carga sufocante", diz empresário
Com a pesada carga tributária, conseguir se manter no mercado é uma tarefa difícil e que exige muito jogo de cintura. Sócio proprietário de uma tradicional loja de materiais elétricos e hidráulicos de Caxias do Sul, Miguel Scopel de Lima alerta que o primeiro passo é saber em que modalidade sua empresa pode se enquadrar para pagar menos impostos. Em muitos casos, por exemplo, o Simples não é o modelo mais adequando. No ano passado, ele teve queda de 25% no faturamento.
— Se tivesse uma boa de cristal teria optado pela modalidade Lucro Real —diz o empresário.
O segredo, informa Lima, é se manter atento e informado. E mais:
— Tem que levar tudo na ponta do lápis. O empresário deve conhecer muito bem qual é o valor do ponto de equilíbrio, pois é ele que define a lucratividade ou o prejuízo da empresa — indica.
Sobre o peso que recai aos os brasileiros, Lima desabafa:
—É uma carga sufocante. Se não souber administrar, pode matar a empresa.