Felipe Bottino, CEO da Pi Investimentos, plataforma aberta de investimentos do Santander
O mercado de investimentos que conhecemos no Brasil já viveu o modelo 1.0 – aquele tradicional e conservador em que o dinheiro das pessoas ficava guardado nos bancos — e o modelo 2.0 — das corretoras com agentes autônomos, com forte incentivo à venda de produtos com maior risco, menor liquidez e maior rebate. Agora, com o boom das fintechs e plataformas digitais, o que estamos vivendo é a revolução 3.0 (ou 3.14) do mercado financeiro.
O modelo de investimento 3.0 é caracterizado pela desintermediação, democratização e gestão de excelência de carteiras, pontos viabilizados pelos avanços tecnológicos. Desintermediação, pois hoje é possível determinar com grande acurácia e de forma digital o perfil de risco e objetivos do cliente. Democratização, no sentido em que a tecnologia tornou o custo de distribuição e manutenção de produtos financeiros marginal. Esse movimento é tão forte a ponto de existirem fundos com taxa de administração, custódia e controladoria com taxa zero, como o Pi Tesouro Selic, que torna obsoleto o popular Tesouro Direto.
E, quando falo em gestão de excelência, me refiro ao fato de que os principais gestores de fortuna do país, como Santander Private Banking, Tag, CA Indosuez Weath, Vitreo e Vinci – até então restritos a clientes milionários –, a partir de agora estarão disponíveis para pessoas que querem investir a partir de R$ 30, valor de entrada mais baixo do mercado.
O modelo 2.0 das corretoras tradicionais revolucionou o mercado com o conceito de supermercado financeiro, democratizando o acesso a produtos com mais risco. Entretanto, sabemos que não bastam ingredientes para fazer um bom prato. Para isso, é preciso a figura de um grande chef, que saiba balancear os ingredientes e definir a ordem e tempo de cozimento de cada item. A revolução 3.14 surge para resolver esse problema e permite aos consumidores ter em sua casa o equivalente aos chefs de restaurantes Michelin 3 estrelas, selecionando os produtos, definindo a quantidade e o momento de entrada e saída de cada um deles no prato.
Esses profissionais estudam dia e noite como oferecer carteiras mais eficientes e balanceadas. Em vez de escolher fundos pelo retorno dos últimos 12 meses, definem o investimento após uma ampla investigação da equipe, estrutura societária, compliance e controle de risco da gestora. Frequentemente os gestores são reavaliados para garantir que preenchem todos os requisitos para receberem a alocação.
Além disso, a estrutura de remuneração desses gestores é um grande diferencial, já que é cobrada uma taxa fixa e qualquer outro produto em que ele invista deve ter o comissionamento revertido para o consumidor.
Neste contexto, a tecnologia é um grande aliado. Com ela, é possível escalar a gestão de qualidade do mercado financeiro, permitindo o rebalanceamento automático, o acompanhamento das posições por vídeos ou aplicativos e o entendimento dos objetivos e perfil de forma digital.
Assim como a constante matemática 3.14, que simplifica cálculos e define referências, podemos facilitar a vida de quem quer investir em um ambiente seguro e simples.