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A crise econômica colocou milhares de pessoas para o outro lado do balcão. Nos últimos dois anos, foram fechados mais de 18 mil postos de trabalho e para garantir o sustento da família, no mesmo período, 5.854 pessoas procuram o microempreendedorismo individual como alternativa para driblar o desemprego.
No ano passado, o número de microempreendedores individuais (MEIs) teve 2.816 novas inscrições, o que representa um aumento 16,6%. O acumulado do ano fechou em 19.727 pessoas cadastradas. No ano anterior o aumento foi de 3.038 empreendedores, ou seja, 21,8%. Em Caxias, os dois setores mais solicitados de formalização são o comércio de vestuário e acessórios e serviço de salão de beleza.
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Para o gerente regional do Sebrae, Rogério Rodrigues, a cidade está vivenciando o empreendedorismo por necessidade em função do cenário econômico e político. Ele sustenta que a tendência é aumentar o número de formalização nesse ano.
_ É uma incógnita dizer quantos (trabalhadores) informais têm em Caxias. Não arrisco esse número, mas posso dizer que têm muitos. O empreendedorismo é da natureza da nossa região.
A assistente técnica do Sebrae, Roberta Mathias Garin, conta que muitos trabalhadores demitidos no ano passado buscaram informações no Sebrae sobre novos negócios.
_ Em função dos desligamentos percebemos que muitas pessoas vinham com o valor da rescisão buscando empreender. Orientamos para que o investimento fosse planejado e que tivesse uma análise de viabilidade.
Sebrae faz parceria para atender os MEIs
Desde o início do ano, o Sebrae optou por não fazer a prestação de serviços contábeis para os microempreendedores individuais em suas unidades. A medida está vinculada a mudança de foco da entidade que pretende trabalhar com a capacitação e orientação dos MEIs.
_ Queremos garantir a adimplência desses empreendedores. O Sebrae não está deixando de fazer o atendimento do MEI, mas está orientando os empreendedores que existe uma outra forma de fazer _ explica Rodrigues.
O trabalho de formalização antes executado pelo Sebrae, será assumido por entidades parceiras como o Sesc, Microempa, Sescon Serra Gaúcha e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego.
Rodrigues diz que o Sebrae continuará orientando a fazer a própria formalização. Segundo ele, o empreendedor individual deve saber mais sobre as suas obrigações e assumir a responsabilidade do seu negócio como rotina.
_ Estrategicamente optamos por repassar essa prestação de serviços para algumas entidades. Nos últimos dois anos estávamos concentrando muitos recursos e esforços para o atendimento do MEI e abdicando o atendimento a microempresa e empresa de pequeno porte.
Mais informações sobre o microempreendedor individual basta acessar www.portaldoempreendedor.com.br.
Biscoitos e pães rendem
Após uma sociedade mal sucedida em uma padaria que durou apenas nove meses e a demissão de uma indústria metalúrgica em novembro de 2015, Marquiela Teochi Gheno, 39 anos, resolveu voltar a empreender, desta vez como microempreendedora individual. Em abril do ano passado, a moradora do bairro Marechal Floriano decidiu retornar ao ramo de panificação após o fim do seguro-desemprego e a dificuldade de encontrar um novo trabalho.
_ Comecei a produzir biscoitos para a gente comer em casa. Minha mãe pediu para fazer (biscoitos) para ela, os amigos foram pedindo e surgiu a ideia de montar uma fábrica de biscoitos. Tinha experiência de trabalhar na produção e no atendimento em padaria e meu marido é padeiro _ conta.
Marquiela está satisfeita com os primeiros meses do negócio. É a principal renda da família, mesmo que as vendas tenham diminuído devido ao período de férias. Sem revelar o faturamento mensal, ela diz que ainda é menor do que o salário recebido na indústria, mas acredita no crescimento do negócio.
_ Antes o movimento foi bom, não fiquei no prejuízo. Fechei no positivo. Dá para manter a empresas e a família.
Vendendo de porta em porta e atendendo a encomendas, Marquiela viu os pedidos aumentarem e, hoje, além dos biscoitos, produz ainda pães, cucas e bolos.
Com o rendimento financeiro dentro da expectativa, Marquiela diz que o aumento da sua produção depende da condição financeira de seus clientes.
_ Está faltando dinheiro no mercado. Se melhorar a questão de emprego o nosso projeto é aumentar a produção _ projeta.
Marquiela atende às encomendas pelo telefone (54) 3538.3635, mas também está atenta às novas tecnologias. Ela também disponibilizou um número para pedidos pelo WhatsApp (54) 99166.5212.