No final de novembro do ano passado, o auxiliar de construção Olair Vargas Carbolin morreu após cair do andaime em que estava trabalhando no loteamento Solar do Prado, em Ana Rech. O trabalhador foi a oitava vítima fatal da construção civil em 2012 e a cidade registrava, até então, praticamente um caso por mês envolvendo mortes no setor. Registrava.
Desde a morte de Carbolin, já se passaram mais de 10 meses e a construção civil da cidade não contabilizou mais nenhum caso de acidente de trabalho com vítima fatal. O número, destaca o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ricardo Garcia, é um recorde para a cidade e até mesmo para o país:
- Não existe no Brasil uma cidade com o porte de Caxias que não tenha nenhuma morte e nenhum acidente grave na construção civil por tanto tempo - acredita.
A diminuição dos acidentes em Caxias, porém, não foi por acaso. Desde 2008, o MPT, juntamente com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e com outras entidades, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e o Sindicato dos Trabalhadores do setor, colocam em prática o Programa de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Indústria da Construção Civil.
A iniciativa já envolveu cerca de 30 audiências públicas desde então, além de cartilhas e vídeos explicativos com o que deve ser seguido pelas construtoras e trabalhadores. Ao mesmo tempo, destaca Vanius Corte, gerente regional do MTE, nenhum outro setor da cidade foi tão fiscalizado: desde o início do programa, o MTE contabiliza aproximadamente 2.100 ações fiscais, sendo que, dessas, pelo menos 800 resultaram em embargos e interdições de obras na região.
Se os acidentes fatais na construção civil estagnaram em Caxias, o mesmo não se pode dizer do número de construções da cidade. Conforme Valdemor Trentin, presidente do Sinduscon e sócio proprietário da construtora Vêneto, a área construída da cidade vem passando por um momento de crescimento:
- Estamos tendo um aumento de cerca de 20% neste ano em relação ao ano passado - acredita.
Em média, conforme o procurador do MPT, Ricardo Garcia, a área construída em Caxias é de 1,5 milhão de metros quadrados por ano. Atualmente, estima-se que cerca de dois terços disso estão em processo de construção.
- O interessante das ações do Programa de Combate às Irregularidades Trabalhistas é que elas não elevam apenas a qualidade da segurança dos trabalhadores, mas também das próprias construções, o que beneficia todo mundo - constata Garcia.
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