Que tal se pudéssemos sair agora para uma voltinha pela Itália da virada do século 16 para o 17? E que tal ainda se o passeio fosse conduzido pelo olhar realista do maior artista da época, Caravaggio? Um programa assim é bem possível e não inclui necessariamente uma ida aos museus de Roma, pode ser feito em Caxias do Sul mesmo.
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É que começa nesta quarta, em Caxias, a primeira edição do projeto Cinema de Inverno, que oferece ao público um recorte abrangente da história da arte por meio de 18 filmes. Expoentes como o próprio Caravaggio (1571-1610), além de Renoir (1841-1919), Picasso (1881-1973), Modigliani (1884-1920), entre outros, transformam-se em conteúdo e forma para obras do cinema. As sessões são gratuitas e ocorrem diariamente na Biblioteca Parque Largo da Estação até o fim de julho.
O Cinema de Inverno é uma extensão do projeto Cinema de Verão – que deve chegar à quarta edição em 2017 –, mas tem proposta um pouco diferente. Enquanto as sessões que ocorrem em janeiro priorizam espaços ao ar livre e filmes mais populares, as de julho trazem uma programação temática e, claro, abrigada do frio.
– A ideia do Cinema de Inverno é trazer filmes sobre a história da arte, porque justamente o cinema flerta com outras artes, ele devorou todas as outras – justifica Robinson Cabral, idealizador da iniciativa.
Assim, as próximas edições do Cinema de Inverno podem abordar temáticas como música, arquitetura, fotografia, etc. O começo pelas artes visuais, no entanto, foi uma escolha bem consciente.
– Acho que é uma demanda importante de Caxias, aqui a gente ainda vê arte para combinar com o sofá. Temos uma demanda emergencial de formação – opina Cabral.
A mostra, custeada pelo Financiarte, aborda pelo menos cinco séculos de história da arte, incluindo desde títulos como Agonia e Êxtase, sobre o renascentista Michelangelo (1475-1564), até Basquiat, sobre o grafiteiro neo-expressionista Jean-Michel Basquiat (1934-2008).
– O artista trabalha relatando o agora. A história do mundo pode ser contada a partir dessas obras. E depois, a gente pode "reolhar" e ver outras histórias – diz.
Além de incluir diretores consagrados como Carlos Saura e Tim Burton, a seleção de filmes revela diferentes maneiras de levar o mundo das telas que habitam as galerias para as telas que habitam as salas escuras. Um dos títulos mais experimentais da mostra é O Mistério de Picasso, documentário dirigido por Henri-Georges Clouzot em 1955:
– É o Picasso em ação. O filme coloca o artista pintando para a câmera e tu dentro do processo de pintura dele.
Graduado em Artes Visuais, Cabral reforça a crença nessa antiga paixão viabilizando projetos como o Cinema de Inverno.
– Quando entrei em contato com artes visuais, salvei minha vida, encontrei possibilidade de compreensão. O mundo é imagem, mas a gente não sabe ler. Já disseram que a maior inteligência que se pode ter é a percepção, e a arte é campeã nisso.
Estação Férrea
Cinema de Inverno exibe 18 filmes sobre grandes nomes da arte, a partir desta quarta em Caxias
Sessões são gratuitas
Siliane Vieira
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