Por aqui, a situação anda crítica. Completei mais um ano de vida na última semana e recebi alguns presentes de pessoas mais próximas. Até então, nada fora do normal – não fosse por dois presentes exatamente iguais que recebi. Para a minha surpresa (ou nem tanta), ganhei dois vouchers diferentes para diárias em hotéis também diferentes. Ao receber os mimos, pura alegria. Já um pouco depois, processando a história toda, a ficha caiu rápido até demais: será que estão me mandando tirar umas férias?
Óbvio que estavam. A oportunidade foi o momento perfeito para família e amigos realizarem o que ando chamando de “intervenção velada”. Foi como se dois enfermeiros entrassem na minha casa, pegassem meus braços e dissessem “ah, mas você vai sim!” enquanto eu esperneava em vão (pelo menos foi a cena que pintou na minha mente). Logo acreditei que estavam todos mancomunados e que o plano havia sido traçado por meses. Eu sei... Só o fato de minha cabeça pensar tudo isso já é um bom indicativo para precisar mesmo de umas férias.
A reflexão ainda foi além. Ressuscitei memórias de aniversários passados e os presentes que ganhei ao longo da vida. Acho que essa é uma das melhores e mais concretas formas para entender como o outro nos vê. Se você só ganha perfumes a cada ano, por exemplo, provavelmente é porque saibam que você gosta muito de aromaterapia e isso significa que quem presentou te conhece verdadeiramente. Ou que você não anda tão cheiroso assim, né. Vai saber.
A situação é a seguinte: tenho até o final do ano para escolher duas datas e parar tudo. Sem computador, sem (tanto) celular, sem trabalho durante alguns dias. Parece o paraíso, eu sei. Mas também soa assustador pra caramba.
Não sei dizer ao certo a última vez que fiz essa pausa. Aliás, sei sim, até porque ela também foi forçada: a pandemia nos obrigou a pisar no freio, mesmo que os mais ansiosos, viciados em trabalho e crentes da urgência da humanidade que não pode esperar alguns minutos, quisessem o contrário.
Eis que então eu deveria estar finalizando este texto agradecendo pelas pessoas que me conhecem e sabem do que preciso. Qual é, existe coisa melhor do que ganhar férias de presente? Mas não, não vou terminar minha reflexão assim. Eu vou é finalizar com um alerta mesmo: se eu não aparecer por aqui com um texto novo, é porque não sobrevivi às minhas férias forçadas. Sei que vai doer reconhecer que desaprendi a parar, que deixei de ser gente que vive e me permiti ser alguém que se baseia em sobreviver. Mas vai ser necessário... Eu acho... Será?! Ai meu Deus...