

O meu primeiro amor foi um saco. Amei demais, me entreguei demais, não soube qual era o limite entre um beijo e o "felizes para sempre". Acreditei que estávamos em uma comédia romântica, e que qualquer drama que surgisse fazia parte do pacote. Afinal, logo ali em frente selaríamos um último beijo e os créditos subiriam. A gente é orientado desde cedo a esperar por um final feliz.
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Para mim, a previsão sempre foi simples: nascemos para amar, e uma hora nos tornamos protagonistas de um conto de fadas só nosso. Cresci enraizado em fábulas da Disney, nas novelas cujas personagens têm um amor guardado para o último capítulo, e na lenda de que o destino sempre nos reserva aquela "pessoa pra vida toda". Pelo menos era o que eu ouvia dizer. Passamos os dias procurando por alguém, e a gente só entende porque falha quando se dá conta: quando é que eu estou me procurando? Pois bem, não existe amor sem autoconhecimento.
Como diz uma amiga: se a pizza que vem de moto demora, imagina o príncipe que vem a cavalo. Mas ele eventualmente acaba vindo. E aí o amor chega, com demora/atraso/delay, mas chega. Você enfim é feliz no amor, e pode dizer que encontrou a sua tampa sem nem lembrar que algumas comidas ficam muito boas se feitas na frigideira. E assim vai. O tempo passa, o amor se esgota, e vocês terminam. É um ciclo. Tem sempre quem diga adeus primeiro, afinal um dos dois tem que ser o último a deixar a relação. Tem sempre quem apaga as luzes.
Você se lembra que nas rádios tocava Leandro e Leonardo, e automaticamente aquela música vem na sua cabeça: "não aprendi dizer adeus". E, de fato, não aprendemos. Somos ensinados exaustivamente a procurar um amor, e aí batalhamos para entendê-lo e levá-lo adiante, porém nunca fomos ensinados a nos despedir. E quando acaba, o que a gente faz? Como aprender a cortar o laço de algo que nos fez bem?
Fui conversar com a psicóloga. Qual é o sentido de viver uma relação que chega ao fim? Vai, me diz. Dentre tudo que ouvi, dela e de amigos, formulei minha própria resposta: aprendizado. Para cada término, uma lição. Saber lidar com a partida de uma pessoa que ainda vai continuar dividindo o mundo com a gente não é tarefa simples. Porém, como diz a música, amores vêm e vão. São aves de verão.
Ai, como eu amo o inverno.