Neste sábado, às 17h39min, o Sol se despede das águas de Escorpião e adentra o fogoso céu de Sagitário. Entre outras possibilidades, essa mudança de signo diz respeito a uma compreensão mais elevada da vida (Sagitário) após necessários expurgos e transformações (Escorpião). É a vida se redefinindo após o confronto com a morte, é a vontade de ousar no futuro após a constatação do que já não cabe manter do passado. Para além dessa pontual troca de energia, neste 2020 tais temas se impuseram no coletivo, por conta da posição dos planetas regentes dos signos envolvidos. Já ninguém duvida: este foi um ano histórico.
No zodíaco, Escorpião, Sagitário e Capricórnio estão em sequência, como etapas interligadas. São signos de enfoque social, regidos, respectivamente, por Plutão, Júpiter e Saturno, que desde o começo do ano se encontram agrupados em Capricórnio. Isso fez de 2020 o ano em que o mundo precisou lidar de forma realista (tema de Capricórnio, onde ocorre a conjunção tripla) com as prioridades e hierarquias de valores (Sagitário) decorrentes da ameaça de morte de uma pandemia (Escorpião). Por envolver planetas de movimento lento e relacionados a grandes ciclos mundiais, o efeito dessa conjunção não se restringe ao tempo real do fenômeno – este ano. Suas lições e ajustes se desdobrarão em ciclos vindouros.
Capricórnio, signo de questões materiais e administrativas, foi o palco principal das ações corretivas nos modelos de governar e produzir. Saturno, fortalecido em seu próprio signo (desde 2018) e assessorado pelo implacável Plutão, imprimiu um tom conservador e restritivo aos governos. Aí, neste ano, Júpiter chegou com a pergunta filosófica sobre o valor da vida e do humano (Júpiter), mas a resposta foi dura: sob o culto da deusa economia, produzir é o valor supremo. Alguns líderes, inclusive, deixaram isso claro com requintes de desumanidade. Plutão ainda revelou a gana dos plutocratas, deixando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. Mas, se houve a expressão extrema de um modelo materialista e frio, pela própria dinâmica do destruidor Plutão, também se sinalizou o esgotamento de tal modelo.
E agora o Sol entra em Sagitário, signo de Júpiter, como que convidando a um olhar para adiante e reafirmando a humana necessidade de esperança e fé no futuro. Pois até mesmo por cansaço extremo, queremos crer nalguma mudança. Exaustos, voltamos nossos olhos ansiosos para os novos arranjos de poder desenhados nas recentes eleições. Ou não serão tão novos assim? Na real, dificilmente a pulsão retrógrada que sustentou coletivamente os recentes projetos autoritários voltará para as profundezas sem resistir. Mas algo muda no céu! Ufa!
Fazendo jus à euforia positiva de Sagitário, estamos no limiar de outros horizontes. No dia 21 de dezembro, Júpiter e Saturno deixam Capricórnio, já desarmando a mortal conjunção que escureceu 2020. Ambos se reúnem no começo do signo de Aquário, cujos motes são a humanidade e o futuro, a liberdade e a diversidade, e de onde farão tensão com Urano nos próximos tempos, indicando confrontos entre o novo e o antigo. Certo que virão anos de instabilidades e radicalismos. Já Plutão, permanece em Capricórnio até 2024, revelando as entranhas das estruturas materiais e sociais. Sim, ainda é cedo para cantar utopias e amplas renovações. Mas, sob o fogo da flecha sagitariana, é alentador saber que os ventos estão a agrupar novas nuvens no céu.
Leia também
Pedro Guerra: urubus de charuto
Natureza em meio à cidade: a serenidade Sérgio Tomazzoni e sua relação de amor com o verde e a família
Rapper W Negro lança clipe em homenagem a Oliveira Silveira e Nelson Mandela
Websérie "Sbornia em Revista" estreia neste sábado
Filme "Demba África" ganha estreia nesta sexta, Dia da Consciência Negra