![Luan Zucchi / Agência RBS Luan Zucchi / Agência RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/25499375.jpg?w=700)
Sob o Sol de Aquário, penso em como dois temas desse signo, o enfoque social e a comunicação de massa, se refletem no principal produto midiático brasileiro: as novelas. O Brasil é o país das novelas! E há muito de Aquário nisso, até pela irreverência de uma nação se espelhar e se reconhecer em tramas de ficção veiculadas eletronicamente. Desde seu símbolo astrológico, Aquário representa ondas que se espalham pelo ar. São ideias que se disseminam, mas também são ondas eletromagnéticas, pelas quais se dão as interações comunicativas instantâneas. Por isso, Aquário é o signo da eletrônica e de mídias como rádio, televisão e internet.
Com o ascendente em Aquário, o Brasil se tornou referência global em televisão. Mesmo na periferia da ciência e da tecnologia, foi o quinto país no mundo a adotar essa invenção, em 1950, a qual está hoje presente em cerca de 97% dos lares. A televisão ainda é a principal mídia nacional. De sua programação, as novelas são o produto de maior audiência.
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E as novelas daqui também fascinam o resto do mundo. Avenida Brasil, por exemplo, já foi vendida para mais de 130 países, reafirmando a qualidade estética e dramatúrgica de nossas tramas. Nas universidades, pesquisadores reconhecem as novelas como um inusitado espaço de problematização do Brasil, em que ficção e realidade se mesclam para gerar novas realidades. Há muito, a novela das 21h da Rede Globo – o produto mais consumido de toda televisão brasileira – vem discutindo temas sociais relevantes, impactando na construção da cidadania num país marcado pela fragilidade dos direitos humanos básicos.
Muitas novelas se tornam emblemáticas pela conexão sincrônica com o seu contexto histórico e astrológico. Para além das narrativas, podem ser vistas como traduções ou compensações de aspectos do real. Uma novela já clássica, como Vale Tudo, segue sendo um duro retrato de questões éticas cruciais da nação. Já a novela atualmente no ar, Amor de Mãe, dialoga tanto com o plano concreto – social, econômico e político – quanto com traços característicos do povo brasileiro – mais exatamente, o conhecido fundo emotivo e familiar.
Pelo método astrológico, se quisermos conhecer a fórmula básica de todas as novelas de televisão, basta examinar a configuração celeste da primeira delas: Sua Vida Me Pertence, que estreou em 21 de dezembro de 1951, às 20h. O signo ascendente (a cara da novela) era Câncer, associado à família e às mães. Pronto! Nunca poderão faltar nas novelas intrigas envolvendo mães e filhos! Amor de Mãe não foge à regra nem no título. E pasme: essa novela também estreou com o ascendente em Câncer!
Atualmente, a ênfase de planetas em Capricórnio destaca também os temas cancerianos, como contraponto do signo oposto e complementar. Diante das durezas e crises capricornianas na economia e na política, nada como enaltecer a eterna garra das mães e a força dos afetos incondicionais. A tensão entre a ambição inescrupulosa de um empresário e as questões familiares e pessoais de outros personagens ilustra com perfeição a dinâmica do eixo Câncer-Capricórnio.
No mapa astrológico dessa novela, Urano, o regente irreverente de Aquário e da televisão, está no topo do céu, em oposição a Marte. Amor de Mãe traz uma estética e uma abordagem inovadoras, além de cutucar agudamente antigas mazelas sociais do país. Pelo realismo e pela ousadia, pode não agradar a todos, mas é uma novela que em muito reflete o Brasil de 2020.