Há dois tipos distintos de solidão: a que nos exclui dos outros e a que nos conecta profundamente conosco. Um contingente gigantesco se encaixa na primeira categoria. As grandes cidades sinalizam a existência de homens e mulheres doentes psiquicamente por serem incapazes de se vincular às demais. As redes sociais prometem estabelecer comunicação potente, mas na prática a entrega parece ser bem diferente. É o simulacro de um mundo onde a comparação tem nos tornado ressentidos. A vida real, com suas instâncias boas e ruins, acontece no espaço da interação física. Precisamos fazer a leitura de quem está ao nosso lado. Observar expressões, a modulação da voz, o olhar. Aprender a arte da escuta. Se soubéssemos dosar a permanência no campo da virtualidade, poderíamos auferir enormes benefícios. Não nutro saudades do tempo em que a posse do conhecimento e das informações exigia um exaustivo trabalho de pesquisa. Aqui vale lembrar: uma das restrições impostas pelas ditaduras é o acesso a conteúdos que possam gerar um senso crítico, colocando em xeque posturas de dominação, de autoridade dogmática. Então, bem-vinda a revolução que amplia para um maior número de pessoas o resultado das produções decorrentes da inteligência humana. Há algo de muito errado na maneira como utilizamos essas ferramentas. O desejo de conexão permeia os seres. Ficamos sabendo, a um clique, de todas as notícias do mundo; contudo, raramente examinamos a nós mesmos para nos compreender emocionalmente.
Jardim interior
Opinião
Solidão desejada
Aos órfãos de contatos e de abraços, sugere-se sair aos poucos de sua caverna platônica e ir em direção a esse universo intrincado e fascinante das relações
Gilmar Marcílio
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