Tem se tornado corriqueiro em nossa vida. Encontramos um conhecido e, depois de minutos, ao lhe perguntar como vai, devemos nos preparar para meia hora de narração do que fez, não fez, saúde, situação amorosa, financeira, “meu Deus, como está difícil!”, etc. Disponibilizo meus ouvidos, já bastante treinados. Gosto da ideia de me aproximar do outro através de suas histórias. Contudo, o que tem me desagradado ultimamente é a ausência de síntese nas conversas. A inaptidão de focar no ponto nevrálgico e seguir adiante. A gente acolhe, mantendo a boa educação e a gentileza, porém, convenhamos, como cansa! O que se esconde por trás dessa impossibilidade de partilhar de forma objetiva? Será carência, solidão ou egoísmo? Em uma época tão narcísica, nem é de estranhar o excesso de referências a si mesmo, tão presente nos diálogos. Espanta-me como nos transformamos nisso. Reduzir o interesse à narrativa individual parece de pouco significado, se o propósito da existência é o aprimoramento, a busca por um ideal de conduta generoso e afável.
Palavras esvaziadas
Opinião
Só o resumo, por favor
O que se esconde por trás dessa impossibilidade de partilhar de forma objetiva?
Gilmar Marcílio
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