Veja o paradoxo posto diante de nós: quanto mais abundância, maior o sentimento de insuficiência. É como se, ao fazer uma escolha, direcionássemos o olhar para as infinitas possibilidades deixadas de lado. O desejo de ter tornou-se uma aflição. O mecanismo é simples: na posse, o grau de satisfação é curto e logo lhe voltamos as costas. Os objetos e os seres precisam de certa permanência em nós para ganhar significado. Enfastiar-se rápido, no entanto, passou a ser uma constante. Sêneca disse: “Não se deixe escravizar pelo prazer”. Ser dominado pela obsessão do novo impede que nos debrucemos sobre o que temos. Amar o que já nos pertence deveria ser um dos propósitos elevados da vida.
Paradoxo
Opinião
Sentimento de insuficiência
Amar o que já nos pertence deveria ser um dos propósitos elevados da vida
Gilmar Marcílio
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