Você acorda pela manhã, já com certa ansiedade. Lembra dos compromissos marcados para o dia. Começa a sofrer por antecipação. Acredita que, se não cumprir uma exaustiva agenda, será cobrado por todos os lados. Quem sabe, até, muitas decisões inadiáveis deixarão de ser tomadas. Coloca-se no centro do mundo e se despede da quietude antes de sair para a rua. Seu único propósito é o de executar tarefas. Já fui assim, confesso. Taquicardia, suores noturnos, sensação de ser incapaz de dar conta de tantas demandas. Mas o ego, sempre ele, me avisando que somente eu seria capaz de fazer tudo isso. O custo? Um cansaço tremendo! Agora, a vontade de continuar me achando imprescindível é zero. Ninguém é. Os outros conseguem resolver tão bem quanto nós. Talvez até melhor. Olho com admiração, sem o desejo de estar em seu lugar. Faço essa pergunta interior: se hoje fosse o meu último dia por aqui, o que gostaria de ter realizado? Às vezes, na ordem confusa da existência, somos incapazes de distinguir o importante do urgente. Mantenho sob vigilância o sentido da responsabilidade, mas meu sono voltou a ser tranquilo, pois aprendi a relativizar a suposta gravidade dos pequenos atos cotidianos.
Urgente ou importante?
Mantenho sob vigilância o sentido da responsabilidade, mas meu sono voltou a ser tranquilo, pois aprendi a relativizar a suposta gravidade dos pequenos atos cotidianos
Gilmar Marcílio
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