Nos últimos anos, movimentos de conscientização estão despertando as pessoas no sentido de perceberem e rechaçarem um dos maiores absurdos a macular a nossa condição de humanos: o racismo. À luz da razão, é simplesmente vergonhoso sustentar qualquer argumento que tente justificá-lo. Considero-o uma das maiores violências praticadas contra o outro. Não encontro palavras para expressar o mal-estar e a tristeza dentro de mim ao me deparar com isso. Quando ele se manifesta é como se houvesse o retorno a um estado primitivo, tendo a lucidez cedido para a ignorância em estado bruto. Deparei-me poucas vezes com tal situação e em todas fiquei em choque, reagindo como pude na tentativa de mostrar ao agressor o horror de tal comportamento. Vivemos, em maior ou menor grau, numa sociedade segregacionista. Felizmente evoluímos bastante, mas o caminho pela frente ainda é longo. Leio o texto de um colunista da Folha de São Paulo e fico emocionalmente prostrado. Um amigo dele, com doutorado na Alemanha e ocupando o cargo de CEO numa multinacional, é constantemente abordado pela polícia. Seu crime? Ter a pele negra. Da última vez o lamentável episódio aconteceu diante de seu filho de dez anos. Imagino o desespero desse pai, impotente e paralisado, pois uma reação física ou verbal poderia causar a sua morte. Apenas um caso entre inúmeros registrados diariamente no país.
Constatações
Notícia
A pele
A mentalidade escravocrata parece persistir dentro de um grande número de criaturas
Gilmar Marcílio
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