Ando interessado em direcionar meu olhar para as coisas normalmente chamadas de insignificantes. À maneira do poeta Manoel de Barros, quero viver os dias esbarrando no que foge à ordem do utilitário, impulsionando o avanço do mundo. Recebemos bênçãos a toda hora, mas, incapazes de desviar a atenção para o singular e o miúdo, prosseguimos em busca de grandes acontecimentos exteriores. Tento ser fiel a uma percepção interior capaz de absorver o efêmero, capturado através da sensibilidade. É um trabalho de vigilância e disciplina, mas plenamente recompensado, pois resgato uma dimensão poética para a existência. Com a fruição do tempo, sinto-me cada vez menos obrigado a buscar um conceito de serventia. Colho o fugaz, escondido nas dobras do cotidiano. Transformo em grande evento o voo de um pássaro, uma petúnia desabrochando sob o sol, a leitura de um livro de filosofia incitando-me a ser paulatinamente melhor. E busco interferir o mínimo possível na forma em que tudo está posto. Somos invasores de espaços alheios. Tentamos domesticar algo quando não se coaduna com nosso jeito de ver a realidade. Até descobrir ser apenas um ponto de vista, uma referência filtrada pelos limites do eu.
Pequenos exercícios
Notícia
Miudezas
Pratico a gentileza, aprendo a escutar, agradeço e peço desculpas
Gilmar Marcílio
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