Até o terceiro século da nossa era, o cristianismo considerava válida a crença na reencarnação. Depois ela passou a ser excluída, pois os fiéis, amparados em conceitos que admitiam uma sucessão de vidas, nem sempre estavam dispostos a se manterem dóceis, passivos. Perceberam que ficou mais difícil usar uma moeda de troca tão valiosa: arrepende-te agora mesmo, pois não terás uma segunda chance. E a palavra esperança encurtou sua presença no imaginário de tantos. Pecado feito, pecado pago. Corta para os nossos dias. Muitos sistemas de pensamento, em especial a filosofia, consideram o homem um ser que se abastece com o imediato, aquilo que a realidade apresenta à sua frente e pronto. Escamoteiam toda crença por ela jogar as expectativas num hipotético futuro. Segundo Sartre, a existência precede a essência. Somos nós quem damos significado às coisas, portanto, é necessário fazer valê-las no presente. São duas posturas extremas e caberá a quem busca a sabedoria encontrar o equilíbrio, sem se deixar seduzir por promessas e nem agir pelo arrebatamento, querendo a saciedade iminente. É um tema instigante que ultrapassa a teoria e vai encontrar seu lugar no que é concreto para cada um de nós.
Opinião
Gilmar Marcílio: é preciso ter esperança?
O fato é que ninguém consegue se satisfazer somente do que tem diante de si
Gilmar Marcílio
Enviar email