Acessar o Google não me torna mais culto, mas levemente informado. Assistir a vídeos que tentam sintetizar, em alguns minutos, complexos sistemas de filosofia, não me autorizam a traduzir o pensamento de quem foi muito maior do que eu. Ouvir trechos de ópera ou fragmentos de sinfonias não me faz ser um expert em música clássica. O mesmo vale para qualquer área do conhecimento: para nos familiarizarmos, precisamos de uma vida inteira de estudos. Porém, o que encontramos hoje são pessoas que neutralizam sua ignorância com meia dúzia de frases de efeito. Especialistas em nada. Tenho resistido à ideia de que sei muita coisa. A curiosidade que alimentou meu espírito desde cedo faz com que aprecie investigar o que move as ações, a variedade dos costumes, por que o mal parece ser uma inclinação mais natural do que o bem. E ao me aprofundar nas causas, mais aumenta o abismo e fica evidente o quanto desconheço. Raspo apenas a primeira camada. O que retenho não dá conta da complexidade que envolve nosso pensamento.
Opinião
Gilmar Marcílio: o que ignoro
Que sei eu? A resposta esbarra na minha precária condição de aprendiz.
Gilmar Marcílio
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