Minha avó Genoveva contava que, em sua juventude, quando uma mulher se separava, o destino que lhe cabia era o convento. Ou a irrecusável responsabilidade de cuidar dos pais até a morte. Se acontecesse dela tentar refazer os laços afetivos, caso raro na liturgia amorosa daquele tempo, era olhada com desconfiança por todos e excluída do convívio com outros casais. Equivalia, mais ou menos, a contrair alguma doença grave. Se tal “tragédia” se desse com um homem, a situação seria abrandada concedendo-lhe o direito de pôr em prática a satisfação de seus desejos. As moças casadoiras viam nele uma espécie de prêmio consolatório quando suas chances começavam a escassear. A moral era estreita e o olhar do vigário e das senhoras respeitáveis, eternamente vigilante.
Opinião
Gilmar Marcílio: rei morto, rei posto
Poucos estão habilitados a viver sozinhos: os pares são mais sedutores.
Gilmar Marcílio
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