Falar sobre como cada um se comporta sexualmente é delicado, pois entramos num campo em que as pessoas não costumam ser exatamente sinceras. Gostamos de nos vangloriar de proezas que flertam mais com a fantasia do que com a realidade. E quando tudo isso se mistura com princípios religiosos, aí mesmo é que a verdade fica escondida num canto, bem acanhada. Embora exista uma quase paridade de atitudes entre homens e mulheres, ainda gravita sobre ambos um silêncio levemente constrangido e que se manifesta nas rodas de conversa. A biologia cede para que a civilização e o comportamento aceito socialmente ocupem o seu lugar. O desejo humano é extremamente complexo. Não pertencemos à categoria dos poucos animais que se aninham com o parceiro escolhido e ignoram todos os demais. O que nos alimenta é a fome pela novidade, entendida aqui como a exploração de corpos diversos, impulso que o casamento tenta conter. Na prática não é bem assim. Casais apaixonados arrulham como pombos sobre os telhados. Mas a taquicardia ao ver o ser amado arrefece ao longo do tempo. Infelizmente, pois tudo seria bem mais fácil se nossos hormônios não continuassem entrando em ebulição. Acho sublime passar a vida ao lado de alguém na mais absoluta fidelidade. Física e emocional.
Opinião
Gilmar Marcílio: monogamia
“É uma pena que a palavra traição ainda nos machuque tanto”
Gilmar Marcílio
Enviar email