Não tenho o hábito de chamar as pessoas pelo pronome de tratamento senhor ou senhora. Tenham alguns ou muitos anos a mais do que eu. Considero bem mais simpático o tu e o você. E não vejo nisso nenhum sinal de falta de respeito. Pelo contrário. Percebo, na maioria das vezes, um olhar de aprovação no interlocutor, como se, valendo-me dessa simples referência, estivesse lhe subtraindo algumas dezenas de anos. Numa sociedade que discrimina os velhos, pequenas sutilezas podem barrar seu avanço em nosso cotidiano. Sem falar que esse tom de coloquialidade costuma romper certas barreiras em que posições sociais ou cargos acabam por impregnar os contatos. Creio que podemos mostrar consideração pelas atitudes, estas sim, determinantes na qualidade dos encontros que vamos estabelecendo ao longo da vida. Ora, é possível detestar alguém e fazer-lhe mesuras verbais. As palavras jamais serão um indicativo do apreço ou desconsideração que nutrimos por uma pessoa.
Opinião
Gilmar Marcílio: senhoras e senhores
Persigo a leveza e sei que ela passa ao largo de todos esses rituais de lisonja
Gilmar Marcílio
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