Nossa época poderá ser lembrada como a da conquista dos direitos individuais e de uma consequente obrigação à felicidade. Passamos a olhar com encantamento para o próprio umbigo e a exigir nosso lugar ao sol, num mundo cada vez mais abarrotado de criaturas famintas de si mesmas. Há mérito e patologia nisto, como em quase tudo. Se avançarmos um pouco na questão, encontraremos outra referência a nos definir: adoramos nos medicar. Um espirro e lá vamos nós em busca do comprimido mágico. Pode ser o balconista mesmo a indicá-lo. E se as dores forem menos explícitas — digamos, emocionais — o socorro virá em forma de consultas ao psiquiatra. Usados com parcimônia, estes recursos representam uma evolução em nossa maneira de minimizar o que nos atormenta. Ou alguém sente saudade (tendo vivido ou não) dos hospícios e das extrações dentárias a seco?
Opinião
Gilmar Marcílio: força
O corpo e a alma possuem a fantástica capacidade de se autorregularem
Gilmar Marcílio
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