Tenho feito, diariamente, o exercício de treinar meus olhos para a beleza do mundo. Não me tornei um alienado que se recusa a ver que o mal também grassa e que o pêndulo do humano continua a se inclinar onde o interesse pessoal encontra mais espaço. Vivemos em luta constante para domar o que há de sombrio e nefasto. Mas me recuso a aceitar o fato de que somos compostos apenas dessa matéria. Vejo, aqui e ali, atitudes de grandeza, gestos de generosidade, seres que se esquecem de si para acolher os que padecem. Nossa parte angelical pode ser pequena, mas quando fomentada encontra fértil terreno. De nada adianta destinar as melhores horas vociferando contra a revelação da violência e do egoísmo. Nossa substância não é tão diferente assim da do homem medieval ou longinquamente anterior a ele. Fomos feitos do mesmo barro.
Opinião
Gilmar Marcílio: O mais belo cenário
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Gilmar Marcílio
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