Precisamos nos convencer disso: homens e mulheres sempre serão diversos entre si. Louvemos todas as conquistas de igualdade, toda ruptura de preconceito e a forma mais livre e solta com que estamos nos relacionando afetivamente. Mas nem tudo é paritário. Darwin explica? Provavelmente. Creio, cada dia com mais ênfase, que alguns comportamentos humanos são tão atávicos que mudanças culturais não os eliminam. Eles têm a força da ancestralidade e, por mais que nos esforcemos em ser modernos, acompanhando a evolução dos costumes, algo dentro de nós grita por permanência. Não tento justificar cartilhas que provocam o distanciamento entre os sexos. Busco apenas ler o que a realidade me mostra. E a arte, seu espelho mais fiel, também. Talvez seja por isso que o filme "Como nossos pais", da diretora Laís Bodansky, tenha deixado em mim tão fortes impressões. Ao retratar o cotidiano de uma família de classe média urbana, colocou uma lupa sobre questões que não podem ser cobertas por movimentos feministas e muito menos pelo saudável desejo de ruptura que ouvimos no discurso dos mais jovens. São tentativas admiráveis de aniquilar um passado carregado de interditos, enganos que nada mais fazem do que estilhaçar os contatos amorosos.
Opinião
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