O presente contém também o passado. Estamos emocionalmente contaminados com as ações que compuseram os nossos dias. Tudo repercute, tudo está colorindo o que somos e o que nos tornaremos. Alertam-nos os psicólogos o quanto é preciso ficar atento a essas sombras que se esgueiram atrás de nós. Precisamos nos relacionar serenamente com elas. Felizmente não são apenas os traumas que ocupam o cenário. As lembranças amorosas também fazem parte da geografia interior. Pesquisas mostram que, quanto maior o número de memória felizes aninhamos na mente, maiores serão as chances de continuar caminhando por esta senda. É uma espécie de reserva para ser sacada a longo prazo, mesmo quando a velhice assoma e nos dispõe diante de possibilidades mais reduzidas. Contam aqui os bons relacionamentos, os filmes, livros e as músicas que soubemos apreciar como um refinamento da sensibilidade. Enganam-se os que pensam que deixar-se conduzir pelo senso comum, sorvendo unicamente o que nos oferecem como alimento pasteurizado, não traga em si malefícios para a alma. Em estado de vulnerabilidade, sempre fica algum resíduo que nos impede de caminhar sob o sol.
Opinião
Gilmar Marcílio: Seremos o que fomos
Precisamos aninhar em nossa mente um grande número de memórias felizes
Gilmar Marcílio
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