Muito se tem discutido sobre a ampliação do que caracteriza o masculino e o feminino. Nada é tão estanque como vimos até recentemente. Nosso vocabulário precisa ser atualizado, sob risco de, involuntariamente, nos tacharem de preconceituosos. Muitas vezes isso acontece por não estarmos a par dos novos termos em voga no universo que define (ou não mais define, seria mais correto dizer) a sexualidade de cada um. Acho isso louvável e curioso. Explico-me. Um mínimo de conhecimento do que se passou em períodos anteriores nos mostra as atrocidades cometidas com aqueles que não "professavam" os códigos vigentes em termos de relacionamento físico e amoroso. Lembro aqui o que ocorreu com o escritor irlandês Oscar Wilde, no fim do século dezenove. Casado e com filhos, envolveu-se com o jovem Lord Alfred Douglas e foi condenado a dois anos de prisão. Cumprida a sentença, Wilde vai a Paris e em alguns meses morre na miséria, destruído moral e financeiramente depois do escândalo que o tornou um pária aos olhos da conservadora sociedade londrina da época. Alguém sonha em reviver situações como esta? Aliás, para quem vive em países islâmicos ou mesmo em alguns outros ditos civilizados, assumir-se homossexual ainda é expor-se ao risco de morte. Ninguém, em sã consciência, pode aprovar leis assim. Nesta questão é preciso manter a clareza do quanto evoluímos. A despeito de muitas religiões, que continuam jogando no fogo do inferno esses "degenerados".
Opinião
Gilmar Marcílio: Questões de gênero
A inclinação sexual de cada um não afeta o seu caráter
Gilmar Marcílio
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