Na tarde de cor sépia, no mais puro outono, eu e meus amigos Beatriz e Lívio vamos passar algumas horas na casa de Mádia, tão querida em sua exuberância e alegria de viver. Descemos do carro e, antes mesmo de tocar a campainha, vemos a porta se abrir. Escondendo o rosto, dois braços abertos seguram um cartaz onde lemos, em letras garrafais, a palavra FELIZ! Muitos abraços depois, continuamos conversando enquanto tomamos chá e nos deleitamos observando suas pinturas mais recentes. Cada um sabe, secretamente, que este é um momento de rara beleza, em que o prazer da convivência transforma tudo em ouro. Falamos de nós, dos outros, de arte, do tempo, de como é bom e difícil crescer respeitando as diferenças num mundo patologicamente padronizado. Ninguém atende o celular e muito menos envia mensagens. Estamos inteiros ali, contentes com a presença de cada um. Nada falta.
Opinião
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