Todo mundo deve conhecer alguém assim: gente que apresenta o grande amor de sua vida. Esse, o único. Mas em série. Namoram dois, três meses e já estão se preparando para morar juntos. Nem perca seu tempo tentando mostrar que tudo isso é um tanto precipitado, e quem sabe devam esperar um pouco mais. Esqueça. A decisão parece ter sido tomada logo depois do primeiro olhar. Os dias vão passando e você reencontra fulano de tal. E aí? Como vai o casal feliz? Uma nuvem escura parece envolver cada letra do nome do antes eterno companheiro. Ele já não é mais; aliás, nunca deveria ter sido. Ainda sem se recuperar do susto, é informado que, agora sim, os deuses conspiraram para que suas almas gêmeas finalmente se encontrassem. E a história vai se repetindo, sem a possibilidade de haver um razoável intervalo, que seja, entre uma relação e outra. Não sei, mas esses seres excessivamente famintos me parecem estar fadados a ficar vagando infinitamente, querendo algo que não existe. E a pressa com que emendam um namoro no outro não lhes permite respirar, avaliando o que deu errado, para evitar repetir daqui para a frente. São o que os americanos chamam de serial lover. Uma metralhadora sentimental. Dão um tiro atrás do outro, sem descanso. Talvez se divirtam mais do que aqueles que optam por investir num único ser. Vai saber.
Opinião
Gilmar Marcílio: serial lover
A pressa com que alguns emendam um namoro no outro não lhes permite avaliar o que deu certo ou errado
Gilmar Marcílio
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