Uma boa definição para o estado de ansiedade que, em graus variados, acomete a muitos de nós, poderia ser esta: é quando estamos cercados de pensamentos por todos os lados. Naufragamos numa ilha emocional e, por mais que nos esforcemos, somos incapazes de sair do círculo vicioso do próprio eu. É duro dizer isso justamente para quem sofre de um dos males mais angustiantes e recorrentes de nossa época. Por maior que seja o empenho, patina-se ao redor de meia dúzia de frases, como se todas as possibilidades de existir se resumissem a isso. Terapia ajuda. Rivotril também. Mas, acima de tudo, há que se fazer o desmesurado trabalho de deixar que as palavras sejam substituídas pela ação. Acredito que o esforço físico tem o mesmo poder libertador do que a química de um remédio. Você pode passar anos se valendo de algum fármaco, mas só voltará a sentir o milagre da própria respiração quando, finalmente, conseguir se esquecer de si mesmo. Um dos primeiros psiquiatras a apontar essa tábua de salvação foi José Ângelo Gaiarsa. Ele só aceitava pacientes atormentados, ou que apresentavam alguma espécie de compulsão, se concordassem em fazer o tratamento aliado a uma pesada agenda de atividades. De preferência numa academia, com horário rígido e tolerância de faltas próxima de zero.
Opinião
Gilmar Marcílio: pense menos
Acredito que o esforço físico tem o mesmo poder libertador do que a química de um remédio
Gilmar Marcílio
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