
Após encaminhar o acerto com os credores da dívida do Caso Magnabosco, a prefeitura de Caxias está próxima da assinatura do acordo, o que deve ocorrer nas próximas semanas, e também do pagamento, que começa em maio. Essas informações foram confirmadas pelo prefeito Adiló Didomenico, durante entrevista na Rádio Gaúcha Serra na manhã desta quinta-feira (10), quando avaliou os 100 dias de governo.
O início do pagamento da dívida milionária foi um dos pontos apresentados pelo prefeito ao ser questionado sobre os cortes de gastos que foram anunciados nos últimos dias. Além disso, ele tratou de questões como saúde, segurança nas escolas, cargos de confiança, investimentos e cuidado com a cidade.
Confira os principais destaques:
Corte de gastos
De acordo com Adiló, os cortes de verbas surgiram da necessidade de fazer caixa de forma urgente, especialmente pelo compromisso de começar a pagar a dívida do Caso Magnabosco a partir de maio. Há outras questões extras, como o pagamento de uma caução de R$ 60 milhões para a PPP da Educação Infantil, que avançou mais rápido do que a prefeitura imaginava, e um gasto extra de R$ 14 milhões em pagamento de adicionais para zeladoras e merendeiras.
Segundo ele, isso aconteceu em um contexto de caixa já raspado, onde havia pouca margem de manobra, devido aos gastos para recuperação da enchente do ano passado. O prefeito disse que, embora estivesse no horizonte, o pagamento do Magnabosco veio antes do imaginado:
— Nós tínhamos 20 reuniões e eles não cediam, e a nossa proposta sempre foi no limite da capacidade de pagamento. E aí, de uma hora para outra, o pessoal disse: tudo bem, mas nós queremos o pagamento da primeira parte já no mês de maio. Nós não podemos inviabilizar o município, mas também nós não podemos deixar de fechar este acordo. Este é o principal arrocho. Você não vai para uma negociação deste vulto com o forro dos bolsos virado para fora. Você tem que ter alguma bala na agulha, e é isso que a gente está fazendo.
Saúde
Adiló revelou que o município se credenciou junto ao Governo Federal para receber uma policlínica na Zona Sul, com um custo de cerca de R$ 30 milhões. Na campanha eleitoral havia sido prometida uma UPA na região, mas o novo empreendimento deve ter uma estrutura ainda maior. Segundo ele, ainda há necessidade de ajustes na localização, mas aproveitou-se a janela para não perder o investimento:
— É um mini hospital. Nós, para não perdermos o cadastramento, porque isso foi num prazo bem curto, cadastramos um imóvel que não é propriamente na Zona Sul, mas a gente tem prazo para escolher um novo imóvel. O município tem boas áreas, e ela tem que ter no mínimo 4 mil metros, mas nós queremos uma área maior, por causa do estacionamento, e tem que ter uma logística favorável em termos de transporte urbano.
Investimentos
Adiló falou sobre os investimentos que vão ser feitos pelo poder público, especialmente na área de saneamento. Ele exaltou os números que serão investidos em três projetos – R$ 80 milhões do Samae, que serão oficializados hoje; R$ 40 milhões para construir seis tanques de amortecimento; e R$ 58 milhões para o túnel da Matteo Gianella. Ele também comentou a importância do anúncio feito pela Agrale, que confirmou ontem que vai montar caminhões da chinesa Foton, e fez uma relação desse fato com a necessidade de aplicar recursos em infraestrutura:
— Nós vínhamos acompanhando discretamente esse assunto da montadora, que estava destinada para um município que, lamentavelmente, sofreu alagamentos. Desde aquela época a Caxias vinha sendo cogitada, e é por isso que nós estamos investindo tanto em obras de combate ao alagamento, para tornar a cidade segura e resiliente. Hoje Caxias tinha que amanhecer de foguetório, porque trazer uma montadora de caminhão para Caxias, e do porte da Foton, isso é um fato inédito.
Cargos de confiança
O prefeito rebateu uma das críticas mais presentes neste começo de governo, que foi o fato de ter ocorrido um aumento do número de cargos de confiança (CCs), mesmo em um momento de corte de gastos. Adiló entende que o número é até baixo em comparação com municípios do mesmo porte, e que a principal questão é cuidar da produtividade desses contratados.
Segurança nas escolas
Após o caso onde uma professora foi esfaqueada na escola João De Zorzi, Adiló revelou que, juntamente com os órgãos de segurança, está trabalhando em um novo protocolo de vigilância. Segundo ele, o objetivo é ter atitudes mais firmes, especialmente ao envolver as famílias em casos onde alunos forem flagrados com armas:
— Nós estamos trabalhando junto com o Sindiserv e a Secretaria de Segurança, e eu visitei também o comandante Vargas (da Brigada Militar), para que a gente faça um novo protocolo em conjunto para tomar atitudes bem diferentes e muito mais firmes nas escolas. Por exemplo, quando era pego um aluno com uma faca ou alguma arma na mochila, era chamado aos pais e devolvido. A partir desse protocolo, a ideia que se encaminhe para a delegacia de polícia, e aí os pais vão ser intimados para fazer o devido registro. A escola ensina, mas a educação tem que vir de casa.
Cuidado com a cidade
O tema da zeladoria da cidade foi um dos mais presentes na eleição de outubro passado, e durante a campanha Adiló prometeu criar uma pasta para o setor. A promessa foi cumprida com a implantação da Secretaria de Gestão Urbana, que entrou em funcionamento em março, mas ainda não conseguiu fazer avanços. O prefeito considera a demora normal, pois o trabalho ainda está sendo organizado, e confia que em breve haverá resultados visíveis:
– O secretário Weber está muito empenhado, está já começando a fazer alguns trabalhos, e é uma questão de tempo. Nós temos que ter um pouco de paciência, mas vai melhorar e vai melhorar muito porque agora nós juntamos várias forças que estavam espalhadas em outras secretarias. Eu acho que isso já vai dar um resultado muito melhor, uma otimização de forças, de gasto de combustível e uma resposta bem mais rápida para a sociedade.