Numa rua qualquer, não lembro o nome e nem se ainda saberia chegar lá, parei o carro a espera do sinal abrir-se. Era manhã e o céu estava claro. Observei ao longe, por entre os muitos carros um casal colocar sobre a calçada um móvel antigo e algumas caixas de papelão que pareciam pesadas. Aprendi com meu pai a observar o meu ao redor. Ele que adorava passear e sempre que possível, me levava junto dar uma volta pela cidade. Desde muito pequena sinto-me arrastada por qualquer imagem urbana que me seja interessante. Gosto de observar muros decadentes, flores que nascem entremeio ao concreto, casas abandonadas, uma floreira cheia de flores no alto de um edifício, saracoteando com o vento, copas de árvores antigas. Durante um tempo fiz um ensaio fotográfico registrando prédios abandonados. Ficava impressionada com o ar fantasmagórico que alguns deles tinham e como passavam desapercebidos pelas pessoas. Estes lugares vazios ali, no meio da gente, me faziam e fazem pensar em que tipo de destino damos às nossas memórias. Pois que lembranças são casas vazias, guardam apenas a sombra do ontem.
O futuro é hoje
Opinião
Celebre o agora
Gosto de observar muros decadentes, flores que nascem entremeio ao concreto, casas abandonadas, uma floreira cheia de flores no alto de um edifício, saracoteando com o vento, copas de árvores antigas
Adriana Antunes
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