Resistência. Eis o sentimento que me atravessa no momento em que escrevo esta crônica. Chove lá fora. Chove há dias. Mergulhamos em uma estranha escuridão. As luzes do jardim se acendem às duas da tarde. Parece noite do lado de fora. A realidade tem se tornado, com o passar dos dias, opaca e incompreensível. Pelas redes sociais e relatos que nos chegam, focos de luz resistem em meio às trevas, como um restinho de lucidez que parece cada vez mais difícil de se ter. A escuridão que mais assusta, no entanto, é a humana. É a escuridão da violência, da maldade, do negacionismo. Para além das pessoas que propagam fake news minando as relações e saúde mental de todos, há um número gigante de pessoas que insistem em acreditar sem nem ao menos checar a informação. Há gente que faz comentários preconceituosos de todos os tipos. Há muita, mas muita ignorância e parece que ela subiu junto dos níveis dos rios e invade nossas casas com as mentiras propagadas. Há os que acham que a culpa é das árvores (!). Há os que ao invés de fazer doações, fazem descarte. Nas sacolas de roupas sujas, fantasias de carnaval, saltos altos seguem embrulhadas a estupidez humana, típica de nossa arrogância.
Cidadania
Opinião
Resistir é não resignar-se
A Terra é finita, assim como nós, e é preciso abrir mão de nosso narcisismo onipotente, pois do modo como estamos, o futuro é o fim
Adriana Antunes
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