Todo mundo em algum momento sentiu vergonha por algo. Vergonha de não ter estudo suficiente, de sentir-se ignorante. Vergonha do que os outros vão dizer de nós. Podemos até fazer uma lista: vergonha de não ter dinheiro, de sentir-se inferior, de não ter referências, de ler pouco, de sentir-se do interior. Vergonha dos automatismos culturais como da roupa que usamos, do vestido, da camisa, dos sapatos, dos chinelos. As roupas sempre criam uma certa estigmatização à primeira vista. Antes mesmo de dar bom dia, nossa roupa é vista e analisada. Se é adequada ou não. Diz de onde viemos, do quanto ganhamos, que tipo de pessoa somos. Depois nossa forma de falar, o sotaque, o vocabulário, nosso repertório de assuntos deflagram nosso mais íntimo. Podemos ter vergonha do modo como andamos, de como nosso corpo se apresenta, dos braços, da barriga, do nariz. Há uma sintaxe dos movimentos que desvelam a pessoa que somos, a maneira com que pegamos a faca, como levamos o garfo à boca, como sentamos à mesa.
A arte reage
Opinião
Que vergonha
Precisamos parar de tolerar o intolerável. O que há de mais maldoso na tolerância é a aceitação com reservas, verticalizada
Adriana Antunes
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