Faz calor. É verão em Caxias do Sul. Como não temos mar, o que nos salva é o reino vegetal. Em dias assim, quando, apesar do suor, brota uma vontade de tomar chimarrão debaixo de uma árvore, é possível perceber que formamos uma grande comunidade vegetal. Até quem não gosta de árvore, que acha que as folhas são sujeira, se dobra ao frescor de uma sombra bem fechada e aerada. As árvores são um poema verde. É justamente neste vagar que somente o calor proporciona que devaneio e penso em abrir um consultório de poesia. Para que serve? Como diz o poeta Manoel de Barros, poesia não serve para nada. Por isso, é a coisa mais importante que podemos ter. A poesia é o que resiste. É o que vai na contramão da barbárie, da falta de humanidade, da violência, do capitalismo selvagem. É claro que não é para todos. Assim como se diz na psicanálise, que embora a psicanálise seja para todos, nem todos são para ela. A poesia é da mesma categoria. A poesia é insubmissa.
Resistência
Opinião
Consultório de poesia
Para juntar gente que está cansada de se apertar na vida somente em busca do fazer
Adriana Antunes
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