Há um certo silêncio que acorda todo domingo. Pouco trânsito, ruas mais vazias. Espaço de pessoas. Entre o plantio de orquídeas e o grito de gol que chega de longe, reencontro em pensamentos, imagens de gente querida. Uns vivos, outros não. Gente que envelheceu. Outros que nunca mais vi depois de adultos. Já reparou que toda casa de mãe tem uma caixa de fotografias? Lá dentro gentes conhecidas e desconhecidas. Primos de primos, parentes distantes, recortes de vidas de apreço de outros que, por herança ou descuido, vieram parar dentro de uma caixa na casa da mãe. Dias antes andara olhando, outra vez, para aqueles rostos todos. Quem de nós não busca semelhança? Procuro por registros de minha mãe e tias na idade que tenho hoje. O que faziam? Como estavam vivendo, que sonhos tinham? Por quais perdas já tinham atravessado?
Imagens provisórias
Opinião
A caixa de fotos
Observamos o rosto, em muitos casos sem rugas, o cabelo, o formato do corpo, as roupas, se sorriam ou não
Adriana Antunes
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