As pessoas que me são mais próximas costumam me dizer que sou “dedo verde”, afinal, vivo em meio ao verde e tudo que me cai em mãos, dou um jeito de fazer viver. Mas não sei dizer se mereço esse adjetivo. Na verdade, penso, não existe isso de ser “dedo verde”. O que existe é a capacidade de preocupar-se com o outro, seja ele um ser humano ou vegetal. Amo plantas e sim, quase tudo que planto nasce, exceto quando mato as plantas por excesso, principalmente de água, mas tenho me corrigido neste sentido. Para plantar não existe segredo algum além de paciência e observação. Já disse aqui antes, é como cuidar de pessoas. Paciência e observação. Dois elementos que vêm acompanhados da necessidade de aprendermos a olhar mais de perto para o desenvolvimento da futura planta. Ver os estágios de seu amadurecimento, seus períodos de seca, de necessidade de sol, de carência orgânica e sempre uma dose extra de conversa. Sim, as plantas como as pessoas amam uma boa conversa. Quem não gosta de poder ouvir e ser ouvido? É da natureza, está dentro de todos nós. Todos não, me corrijo a tempo. Há pessoas que nasceram para ser calçadas. Queimam, quase fritam no sol diário e não se dão conta de que ao se exporem em demasia se machucam. Sem refúgio ou sombra, se mostram mais do que desejariam. Sim, porque também somos o modo como nos relacionamos com o meio ambiente. Há pessoas que decepam as árvores como se elas fossem inimigas. Cortam sem dó e menos ainda técnica, com intuito de livrar-se do incômodo de tê-las atrapalhando sua visão. Gente munida de apetrechos que destrói qualquer forma de vida sem ao menos ponderar sobre a possibilidade de conviver com elas.
Plantas
Opinião
As árvores (e as pessoas) daqui
Presumo que o modo como cada um lida com a natureza fora de si seja um indício de como as coisas acontecem por dentro
Adriana Antunes
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