Há dias tenho pensado sobre o correr do tempo. Talvez há tempos. Esse tempo que nos atravessa feito ventania sem nos dar espaço para parar um pouco. Todos, tenho certeza, já desejamos poder segurar as horas, prender os minutos. Um desejo de espichar momentos, pois nossa memória não é lá muito elástica. Quem nunca desejou conseguir prolongar o último abraço, o último adeus, o último sorriso. Afinal, só nos damos conta de que o tempo corre quando ele cruza por nós e nos deixa para trás. Há talvez a necessidade de uma compreensão na inversão dos fatos. Explico: não somos nós que vivemos a vida, mas a vida que vive através de nós. Havia vida antes de estarmos aqui. Haverá vida depois de não estarmos mais aqui. A vida segue e seguirá seu curso. Daí nos damos conta de que ser quem somos no correr do tempo é uma fatalidade. Poderíamos ser diferente do que somos? Não sei, não sei. Sei que somos um amontoadinho, assim no minúsculo mesmo, de horas finitas. Eis a marca do possível em nós. Por isso, penso também, ser quem somos não é uma finalidade, como se em algum momento tivéssemos de apresentar resultados. Não somos máquinas.
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Comecei a nadar
Quando respiramos percebemos que estamos vivos e que tudo é instante
Adriana Antunes
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