E você come o que é. Em primeiro lugar, comer é um ato político, porque se você escolhe o que colocar no prato, está em uma posição privilegiada em comparação a milhões de pessoas no Brasil. Por isso, comer deveria ser direito de todos e não privilégio de alguns. Em segundo lugar, ter uma alimentação saudável envolve inúmeras questões. Sim, comer é muito mais profundo e complexo do que aqueles 10 minutos rápidos em que fazemos nossa marmita no restaurante. Suas escolhas dizem quem você é e de onde veio. Comida é cultura, ou a falta dela. A história da alimentação é riquíssima e nos mostra como as questões econômicos, políticas, ideológicas e, inclusive, afetivas, moldam nossas escolhas alimentares. Quem não lembra daquele doce que a mãe fazia e sente saudades? Ou daquela comida caseira da avó? A memória do paladar vem associada ao momento alegre e acolhedor. Afinal, quando estamos tristes, uma das coisas mais comuns que fazemos, é recorrer a algum alimento da infância. Alguns comem chocolates, outros balas ou pão. Lembro de um amigo mexicano que dizia sentir saudades da comida de rua, tão comum por lá, cheia de temperos e picâncias, e que apesar de se comer em pé, era cheia de referências ancestrais. Diferente de nós aqui, pois nosso fast food é, em geral, americano. O que também diz muito de quem somos. Ou de quem tentamos ser. Ou da nossa falta de identidade e memória.
Alimento
Opinião
Você é aquilo que come
Suas escolhas dizem quem você é e de onde veio
Adriana Antunes
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