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O julgamento do acusado pelo estupro e morte de Daiane Griá Sales, 14 anos, ocorrido no fim de julho de 2021 em Redentora, deve terminar no começo da tarde desta sexta-feira (14). O julgamento iniciou às 8h de quinta-feira (13) no Fórum de Coronel Bicaco, no noroeste do RS, e terminou por volta das 21h30min.
Nesta sexta-feira o júri foi retomado por volta das 9h com os debates da acusação e defesa, com uma hora e meia para cada lado cada. Na sequência, a juíza fará a inquirição e os questionamentos para os jurados, que votam conforme o que é perguntado. Depois, forma-se o resultado e a juíza finaliza com a sentença.
Serão aproximadamente três horas de debates. A previsão é que até às 12h30min os debates encerrem, seguindo para as perguntas e então o resultado final. A expectativa é que o júri encerre por volta das 14h, se não houver intervalos.
A menina caingangue vivia na Terra Indígena Guarita, no interior de Redentora, município de 9,9 mil habitantes perto da fronteira com a Argentina. Ela foi estuprada e morta no fim de julho de 2021 — seu corpo só foi encontrado quatro dias depois.
Réu pelo crime, Dieison Corrêa Zandavalli, 36 anos, está preso preventivamente e responde pelos crimes de:
- Estupro de vulnerável;
- Feminicídio;
- Homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e dissimulação para assegurar a impunidade de outro crime).
Na quinta foram ouvidos os depoimentos das 11 testemunhas, além do interrogatório do réu, que não quis responder perguntas da juíza, da defesa da vítima e do Ministério Público, optando pelo uso do direito ao silêncio parcial. Ele respondeu apenas perguntads das suas advogadas.
A reportagem tentou novo contato com a defesa do réu, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Na quinta, uma das advogadas da defesa de Dieison Corrêa Zandavalli, Pâmela Londero, disse estar confiante na imparcialidade do júri e em um resultado justo para o processo.
Relembre o caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Daiane foi estrangulada pelo réu e morreu por asfixia. O crime teria ocorrido após a vítima aceitar uma carona do acusado, que a teria levado para uma área de lavoura onde cometeu o estupro e depois o homicídio.
Ainda conforme a denúncia, Zandavalli teria se aproveitado do estado de embriaguez da menina, impossibilitada de reagir, usando de violência, com toques e beijos, apoiando-se sobre ela. O corpo da adolescente foi achado mais de três dias depois dos fatos, em um matagal.
A denúncia do Ministério Público destaca a presença de qualificadoras no crime, como o desprezo do réu pela população indígena Caingangue (etnofobia) e o menosprezo e discriminação à condição de mulher da vítima (feminicídio).
Em seu interrogatório, o acusado negou ter cometido os crimes. A defesa chegou a solicitar a instauração de um incidente de sanidade mental, que concluiu que o réu é capaz de compreender o caráter ilícito de seus atos.
— No cotejo de todas as provas, mais o que tivemos com depoimentos das testemunhas e o que aconteceu processualmente, nosso entendimento é que está cabalmente comprovado a participação direta do acusado no crime, o que levará a condenação e expectativa de finalização do júri — disse o advogado da família da vítima, Bira Teixeira.
A sentença que determinou que o caso fosse analisado pelo Tribunal do Júri foi proferida em outubro de 2023.