O índice de abstenção de Passo Fundo nas eleições de 2024 se aproxima do nível registrado em 2020, durante a pandemia. Neste ano, 24,35% dos eleitores não votaram, pouco menos que há quatro anos, quando 25% não foram às urnas.
A porcentagem representa 36.738 eleitores — mais que a quantidade de votos recebidos pelos candidatos que ficaram em segundo e terceiro lugar na eleição para prefeito. Marcio Patussi (PL) e Airton Dipp (PDT) receberam 33.908 e 28.305 votos, respectivamente.
Os dados vêm na esteira de uma realidade vista em todo o Brasil. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a abstenção no país chegou a 21,68% no domingo (6), segunda maior desde 2000. Na pandemia, 23,15% dos eleitores não foram votar.
Conforme o juiz da 128ª Zona Eleitoral, Luís Clóvis Machado da Rocha Jr., a abstenção m Passo Fundo reflete uma tendência observada em municípios de médio e grande porte.
Na comparação, municípios menores como Mato Castelhano e Ernestina tiveram abstenção abaixo de 13%.
— A política se tornou muito impessoal e muitos eleitores não se sentem representados, o que acaba afastando-os do processo eleitoral — explica.
De acordo com o juiz, a alta taxa de abstenção é preocupante e surpreendeu a todos, uma vez que atingiu até mesmo municípios intermediários, como Carazinho e Santo Ângelo, onde 22,69% e 26,47% dos eleitores não votaram, respectivamente.
— Observamos que a proximidade entre candidatos e eleitores é crucial. Quanto menor o município, menor a abstenção, pois há um engajamento maior — disse o professor de Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF), Giovani da Silva Corralo.
Somando a taxa de abstenção com os votos brancos e nulos com, o índice chega a 95% em Passo Fundo — um alerta sobre a falta de interesse dos eleitores nas decisões políticas da cidade.
— São pessoas que de alguma forma estão insatisfeitas com o modelo político ou candidatos. Sem dúvida isso se trata de um importante indicador para atores políticos pensarem e refletirem — completou Corralo.
Até 60 dias para justificar
Quem não compareceu à votação, precisa justificar a ausência.
A justificativa pode ser feita presencialmente ou pelo aplicativo e-Título até 60 dias depois de cada turno, por meio do Sistema Justifica ou do próprio aplicativo.
Neste ano, os prazos para apresentação da justificativa são até 5 de dezembro de 2024, no caso de ausência no primeiro turno.