Moradores da Rua Adrianópolis, no bairro São Luiz Gonzaga, em Passo Fundo, reclamam do mau cheiro e de transtornos causados por problemas nas tubulações ligadas ao Presídio Regional.
A situação começou em outubro, depois de obra de canalização da Corsan para escoar e tratar o esgoto da casa prisional, que fica perto das residências. A rede do presídio teria sido prejudicada pelo despejo de resíduos sólidos das galerias dos detentos, como roupas, pedaços de colchão, tecidos e garrafas pet.
Imagens enviadas a GZH Passo Fundo (assista acima) mostram o esgoto a céu aberto nas laterais da rua e até dentro de casas. Marli de Andrade Leite, 73 anos, teve a garagem tomada pelo esgoto.
— Essa última vez que estourou tive que sair de casa. Fui dormir na casa dos meus filhos porque não dava. E era a noite inteira uma cachoeira debaixo do meu porão. Não tinha como voltar. Como vou fazer coisas básicas, como almoçar, com aquele cheiro? — relata a aposentada.
De acordo com os moradores, as obras da Corsan devem ligar a maioria das casas com o sistema de tratamento de esgoto — o que não havia antes. Porém, segundo os moradores, os canos instalados não comportam a vazão e ocasionam rompimentos frequentes.
A empresária Ivani Terezinha Dalmonte, 61, mora naquela rua há 28 anos. Dona de um mercado, ela diz que perdeu clientes desde que os problemas começaram:
— As pessoas entram e sentem esse cheiro horrível. Quem vai entrar aqui com esse esgoto escorrendo bem na nossa entrada? Não tem como. Do jeito que está não dá.
Moradores têm dúvidas sobre as instalações
A maioria dos moradores receberam uma carta enviada pela Corsan sobre a instalação da canalização. No documento consta que a ligação com o sistema deve ser feita pelos proprietários das casas.
No entanto, segundo a aposentada Eva Fátima Petroski, 62, os moradores não foram consultados sobre a obra e restam dúvidas sobre como essa ligação deve acontecer.
— Só vimos que botaram esses canos aqui e começou a estourar várias vezes. De que maneira eu vou instalar água debaixo pra cima para botar nesse cano? — questionou.
Sobre isso, a Corsan explicou que está visitando os moradores, entregando notificações e orientando sobre os prazos para a conexão à nova rede de esgoto.
O que dizem a Corsan e a Polícia Penal
Conforme a Corsan, a obra de canalização foi concluída no início de dezembro, mas algumas adequações ainda devem ser feitas em razão dos resíduos sólidos despejados pelas galerias do presídio.
— Em parceria com o presídio, estamos colocando dispositivos de gradeamento para que esses resíduos sólidos de grande dimensão não obstruam a rede coletora. Também colocaremos esse mesmo sistema em dois pontos de visitas das equipes no bairro. Isso deve beneficiar pelo menos 150 famílias — disse o gestor de relações institucionais da Corsan, Aldomir Santi.
Questionada, a Polícia Penal informou que as grades de retenção dos dejetos sólidos já foram instaladas e que os locais são limpos diariamente. Além disso, tratou com a Corsan para soluções na rede de esgoto que atende ao Presídio Regional de Passo Fundo