
Das quase 19,5 toneladas de pedras preciosas exportadas pelo Rio Grande do Sul no ano passado, 12,3 toneladas (ou 63%) saíram de Soledade, município de quase 30 mil habitantes do norte gaúcho. O total exportado mobilizou US$ 61,8 milhões, quase R$ 351 milhões no câmbio atual, e manteve a cidade como um dos polos de pedras preciosas do mundo — mesmo que em Soledade já não opere quase nenhum garimpo.
É possível conferir pedras preciosas de todos os tipos, formatos e utilidades na Exposol, a feira multissetorial de Soledade, que começa nesta quinta (1º) e segue até domingo (4). Se no ano passado o evento foi prejudicado pela enchente, em 2025 a expectativa é positiva: reúne 460 expositores e espera 190 mil visitantes.
Como tudo começou
A tradição de Soledade no setor começou na década de 1960, quando empresas alemãs se instalaram na cidade para explorar e exportar pedras Ágata, que existem em abundância na região, especialmente nos municípios de Salto do Jacuí e Campos Borges.
Pouco a pouco, as empresas começaram a crescer e comprar matéria-prima de outras regiões, como Ametista do Sul, no extremo norte do RS, Bahia e Minas Gerais, por exemplo. Um negócio puxou o outro e, em pouco tempo, as indústrias de Soledade já trabalhavam com pedras até de outros países, como Indonésia e Malásia.
— Hoje, já existem outros locais que exportam pedras, mas em Soledade ficou a concentração porque é um lugar onde os clientes encontram tudo o que precisam, da matéria-prima à industrialização — explica o presidente do Sindipedras do RS, Gilberto Bortoluzzi.
A industrialização inclui lixamento, polimento e fragmentação das pedras, por exemplo. Hoje, a maioria das empresas de Soledade já não garimpam, mas compram pedras brutas, lapidam e, então, revendem. Os clientes são diversos: vão de pessoas comuns a museus e colecionadores.
Quase 5 mil empregos
Ao menos 95% das pedras são exportadas, e os principais destinos são os Estados Unidos e China. Das grandes às pequenas empresas do setor, são pelo menos 4,7 mil empregos diretos e indiretos.
Em Soledade, as pedras preciosas representam 35% da economia municipal — um ponto interessante, visto que a maioria das cidades do entorno tem a matriz econômica voltada essencialmente à agricultura.
— O preço de toda pedra preciosa se baseia em cor, peso e formação. Nenhuma pedra é igual à outra, por isso o preço flutua bastante — explica Bortoluzzi.
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